Medidas de Trump contra direitos de mulheres e trans geram queda de popularidade

Atualizado em 10 de agosto de 2025 às 14:58
Mulheres protestam contra Trump. Foto: Reprodução

A popularidade de Donald Trump entre as eleitoras americanas vem caindo após seis meses de seu segundo mandato, impulsionada por decretos e cortes que atingem diretamente políticas de igualdade de gênero, saúde reprodutiva e direitos trabalhistas. Pesquisas da Economist/YouGov indicam que a aprovação do presidente entre mulheres recuou de 42% em maio para 39% em julho. Levantamento da CBS News/YouGov, em abril, já mostrava que 63% delas desaprovavam sua gestão econômica, enquanto 66% criticavam o combate à inflação.

Especialistas atribuem essa queda a uma série de medidas que desmontaram agências federais, extinguiram programas sociais e reverteram avanços em políticas de inclusão, classificadas pelo governo como “woke”. Programas voltados à saúde reprodutiva foram encerrados ou reduzidos, e políticas de proteção trabalhista correm risco. O Observatório de Sexualidade e Política (SPW) aponta que Trump tem operado em um “estado de excitação política permanente”, com decretos consecutivos, muitos deles inconstitucionais, e foco central no combate à chamada “ideologia de gênero”.

Entre janeiro e fevereiro, Trump assinou sete decretos voltados a reverter avanços na igualdade de gênero, incluindo a instituição da “verdade biológica do sexo” como diretriz de Estado. A medida, vista como restritiva a direitos de pessoas trans, exclui mulheres trans de esportes femininos e impõe que consulados exijam o sexo de nascimento em pedidos de visto, afetando autoridades como as deputadas brasileiras Érika Hilton e Duda Salabert. O pacote também impacta direitos trabalhistas, como a revogação da Ordem Executiva 11246, que desde 1965 proibia contratados federais de discriminar por sexo, raça ou religião.

No campo da saúde, decretos de Joe Biden que garantiam o acesso ao aborto medicamentoso e a contraceptivos foram revogados. Além disso, a aplicação da FACE Act, que criminaliza bloqueios a clínicas de aborto, passou a ser restrita a “circunstâncias extraordinárias”, reduzindo a proteção a pacientes e médicos. Em abril, o financiamento da Iniciativa de Saúde da Mulher (WHI), um dos maiores estudos sobre saúde feminina no mundo, chegou a ser ameaçado, mas foi mantido após repercussão negativa.

Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

O governo também abriu subsídio de US$ 1,5 milhão para um “centro de treinamento em infertilidade” que defende abordagens “holísticas” ao problema, postura alinhada a setores conservadores contrários à fertilização in vitro — método que Trump havia prometido tornar gratuito durante a campanha. Para analistas, essas ações representam um desmonte de estruturas de proteção erguidas ao longo de décadas e podem influenciar políticas globais, dado o peso dos EUA na definição de padrões internacionais.

A avaliação de especialistas, como a ativista Sonia Corrêa, é que as políticas atuais são parte de uma reorganização da extrema direita com efeitos que extrapolam as fronteiras americanas. Elas ameaçam direitos de mulheres, pessoas trans e minorias em escala global, impactando diretamente o Estado de bem-estar social e reforçando desigualdades de classe, raça e gênero.