POR RAYMUNDO GOMES
Em material de propaganda divulgado na Internet, a Avenues, escola para os superricos que será inaugurada em agosto em São Paulo, “apagou” uma favela vizinha a seu prédio.
Comparando-se as imagens do vídeo promocional com as fotos tiradas este ano pelo Google, vê-se que a favela Jardim Panorama foi “substituída” por um jardim arborizado. O “terrão” de futebol vira um belo campo, gramado e demarcado.
O Jardim Panorama é uma comunidade de cerca de 400 famílias. Fica à beira da avenida Marginal do rio Pinheiros. É cercada por condomínios de luxo e fica bem ao lado do Shopping Cidade Jardim, um dos mais elitistas de São Paulo. Muitos funcionários e até alguns clientes do shopping almoçam na favela, para fugir dos preços altos dos restaurantes do Cidade Jardim.
Criada em 2012 pelo empresário Benno Schmidt Jr. (ex-diretor da faculdade de Direito de Columbia), a Avenues anuncia-se como uma rede global de escolas, mas até agora só tem a matriz, em Nova York. São Paulo será a primeira filial. A escola anuncia que um dia terá sedes (que chama de “campi”) em metrópoles de todo o planeta, da Cidade do México a Sydney.
Segundo reportagens publicadas na imprensa brasileira, a Avenues vai cobrar uma das mensalidades mais caras entre as escolas particulares brasileiras – R$ 8.350, de acordo com a edição brasileira do diário “El País“. As turmas vão do jardim de infância ao ensino médio.
O site da escola apregoa que a missão da Avenues é “aprimorar a educação, sendo uma referência de escola eficaz, responsável, que contempla a diversidade”, formando alunos “humildes quanto a seus talentos e generosos de espírito; honestos; conscientes de que seus comportamentos influenciam nosso ecossistema; grandes líderes e responsáveis seguidores; protagonistas de suas escolhas acadêmicas e, acima de tudo, arquitetos de uma vida que transcenda o comum”.