Megaoperação desmonta milícias e atividades criminosas do PCC no Centro de SP

Atualizado em 6 de agosto de 2024 às 15:23
Agentes das forças de segurança em operação do Gaeco na favela do Moinho, SP. Foto: Divulgação

Uma megaoperação deflagrada nesta terça-feira (6) em São Paulo visa desmantelar um complexo ecossistema de atividades ilícitas no centro da cidade. A operação, chamada Salus et Dignitas (saúde e dignidade, em latim), é liderada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, com a colaboração das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal, além de outros órgãos como Anatel e Receita Federal.

O foco da operação é a atuação de milícias, a venda ilegal de armas, a exploração de trabalho em condições precárias, a receptação de produtos furtados e o tráfico de drogas, todos sob a influência do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região.

As investigações revelaram o uso de torres clandestinas para interceptar comunicações da Polícia Militar, permitindo que grupos criminosos antecipem ações policiais. A operação inclui o cumprimento de 85 mandados de busca e apreensão, 48 confisco e bloqueio de bens, e 45 medidas de suspensão de atividades econômicas.

Até o meio-dia, cinco pessoas foram presas, incluindo Leonardo Monteiro Moja, uma figura-chave do PCC na favela do Moinho. Outros três foram detidos em flagrante, e dois foram levados para averiguação. A operação também resultou na apreensão de 65 celulares, 5 computadores e 40 veículos.

Diferente das abordagens anteriores, a Salus et Dignitas adota um modelo transversal e colaborativo para enfrentar a complexidade das atividades criminosas. Enquanto a operação visa combater as práticas ilegais, os dependentes químicos na Cracolândia estão protegidos de prisão ou internação compulsória durante a ação.

Agentes das forças de segurança em operação do Gaeco na favela do Moinho, SP. Foto: Divulgação

A estratégia busca um impacto abrangente, sem penalizar as vítimas das circunstâncias. O promotor Lincoln Gakiya, responsável pela operação, destacou a importância de não focar apenas no microtráfico, mas em toda a estrutura que suporta o tráfico e outras atividades ilícitas.

“Tudo começou no ano passado, a partir de uma conversa com o então procurador-geral, Mário Sarrubbo [atual secretário nacional de Segurança Pública], sobre a necessidade de uma intervenção na região da cracolândia que fosse diferente daquelas ações policiais que focam no microtráfico e que acabam atingindo os usuárioss,” afirmou Gakiya.

De acordo com o Ministério Público, a Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, não participou das investigações. Entre os alvos da operação estão três guardas-civis metropolitanos (GCM) identificados como líderes de milícias que extorquiam comerciantes no centro da cidade, oferecendo proteção em troca de dinheiro.

A operação revela um cenário de corrupção e exploração, com ferros-velhos e galpões de reciclagem envolvidos em trabalho infantil e receptação de material furtado. A investigação também aponta para movimentações financeiras atípicas em contas ligadas a guardas-civis metropolitanos e comerciantes de armas ilegais.

A Salus et Dignitas representa um passo significativo na luta contra o crime organizado em São Paulo, mas o promotor Gakiya reconhece que a erradicação completa do tráfico e a melhoria das condições na Cracolândia requerem um esforço contínuo do governo e da sociedade.

“O tráfico não vai acabar nem os dependentes químicos vão desaparecer, e crimes vão continuar acontecendo, mas esse estado de coisas ilegal e a violação sistêmica de direitos de todos, inclusive dos dependentes químicos, deve acabar”, concluiu o promotor.

A Prefeitura de São Paulo enviou a seguinte nota a respeito do tema:

A Prefeitura de São Paulo informa que, seguindo uma determinação do Prefeito Ricardo Nunes, solicitou, em junho de 2023, ao Ministério Público a prisão preventiva do guarda civil metropolitano Elisson de Assis. O pedido constou de notícia-crime protocolada ao GAECO. O processo foi arquivado pelo Ministério Público em janeiro deste ano, mas a Prefeitura continuou apurando as denúncias envolvendo o agente. O processo de expulsão de Elisson de Assis está concluído.

Antônio Carlos Amorim Oliveira e Renata Oliva de Freitas Scorsafava já foram afastados e o processo de expulsão está em andamento. Rubens Alexandre Bezerra foi expulso da corporação em 31/07/2019.

Operação conjunta

A Prefeitura participou, com o governo do Estado e o próprio Ministério Público Estadual, de todas as discussões sobre a operação deflagrada nesta terça-feira (06) na região central da cidade. Foram quatro reuniões realizadas nos últimos dias, sendo duas delas com a presença do prefeito Ricardo Nunes, ao lado do governador Tarcísio de Freitas.

Além disso, secretários estaduais e municipais estiveram reunidos para discutir a atuação dos órgãos participantes da operação. A Prefeitura conta com cerca de 500 agentes nas ruas hoje prestando apoio e atendimento nas áreas de segurança, assistência social e saúde, além das equipes responsáveis pela interdição de imóveis alvos da operação.

 

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