Melhor seleção africana em Copas, Marrocos joga pra fazer história contra a França

Atualizado em 14 de dezembro de 2022 às 14:25
“Vôo” de Youssef En-Nesyri, que classificou Marrocos contra Portugal.

A seleção marroquina, no último sábado (10) protagonizou um feito inédito dentro dos 92 anos de história da Copa do Mundo de futebol.

Com um time rápido, forte na marcação e uma torcida festiva, Marrocos levou a primeira seleção africana a uma semifinal de copas do mundo.

Talvez o momento da confirmação da classificação tenha sido o momento de maior emoção genuína desta edição do maior evento do futebol.

A seleção camaronesa havia chegado perto disso, quando Roger Milla, com sua icônica dança na bandeira do escanteio, tornou a Copa da Itália um pouco mais divertida. Senegal e Gana, em 2002 e 2010, chegaram perto de fazer a façanha que só agora foi alcançada.

Apenas estes três times, até então, haviam representado a África nas oitavas de final de um campeonato mundial de futebol.

Em 1930 o navio em que estava a seleção egípcia foi vítima de uma tempestade no Mediterrâneo que a fez perder a conexão que deveria trazê-la ao Uruguai. Naquele ano, 13 países disputaram o primeiro mundial organizado pela Fifa: nenhum africano.

Em 2022, entretanto, Marrocos pode quebrar a escrita quase secular e dar um título ao continente africano.

Belgas, croatas, espanhóis e portugueses tentaram por seis horas e meia vazar a defesa marroquina e não conseguiram, feito aliás só conseguido pelo Canadá, país que marcou seus dois primeiros gols na história das copas neste ano. Curiosidade: o gol sofrido pelos africanos foi contra: ou seja, nenhum estrangeiro fez gol em Yassine Bounou, que coincidentemente nasceu no Canadá.

Sobre o goleiro que ostenta a defesa menos vazada da Copa, aliás, uma curiosidade que mostra o orgulho que essa seleção tem de representar não apenas os africanos como também o mundo árabe. O arqueiro, jogador do Sevilla, é fluente em inglês, francês e espanhol, mas só tem se dirigido à imprensa internacional em árabe, para desespero dos jornalistas que não dominam o idioma.

Para exemplificar a qualidade defensiva deste time, basta ter em mente que Gonçalo Ramos, substituto de Cristiano Ronaldo na seleção portuguesa e vindo de um hat trick (3 gols em uma mesma partida) contra a Suíça na fase anterior, só conseguiu tocar duas vezes na bola dentro da área nos 69 minutos em que ficou em campo.

O treinador marroquino Walid Regragui. Reprodução

O técnico Walid Regragui fez uma metáfora cinematográfica válida para situar a seleção de seus comandados:

“Quando você assiste Rocky Balboa, você quer apoiá-lo”, disse o treinador. “Somos o Rocky desta Copa do Mundo.”

Na ausência de uma grande estrela como Messi, Modric e  Mbappé, o coletivo marroquino destaca-se.

Não são apenas as excelentes atuações do goleiro Yassine Bounou mas também o comprometimento de zagueiros como Romain Saiss e Jawad El Yamiq  que permitem que o sistema de contra-ataques funcione com precisão quando acionado.

Nas laterais, Achraf Hakimi pela direita e Yahia Attiyat Allah pela esquerda garantem a solidez defensiva pelas beiradas do campo e constituem-se em boas opções para a saída de jogo.

O meio-campista Azzedine Ounahi, que atua no  Angers Sporting Club de l’Ouest, só não teve mais dribles na Liga Francesa do que Lionel Messi, o que mostra que nem só da boa defesa vivem os marroquinos.

Confira a habilidade de Ounahi:

No jogo contra Portugal, o atacante Youssef En-Nesyri alcançou a impressionante marca de 2,77 metros de altura para superar o zagueiro e o goleiro de Portugal e marcar o gol que desclassificou a seleção lusitana.

Veja o gol:

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