A seleção marroquina, no último sábado (10) protagonizou um feito inédito dentro dos 92 anos de história da Copa do Mundo de futebol.
Com um time rápido, forte na marcação e uma torcida festiva, Marrocos levou a primeira seleção africana a uma semifinal de copas do mundo.
Talvez o momento da confirmação da classificação tenha sido o momento de maior emoção genuína desta edição do maior evento do futebol.
A seleção camaronesa havia chegado perto disso, quando Roger Milla, com sua icônica dança na bandeira do escanteio, tornou a Copa da Itália um pouco mais divertida. Senegal e Gana, em 2002 e 2010, chegaram perto de fazer a façanha que só agora foi alcançada.
Apenas estes três times, até então, haviam representado a África nas oitavas de final de um campeonato mundial de futebol.
Em 1930 o navio em que estava a seleção egípcia foi vítima de uma tempestade no Mediterrâneo que a fez perder a conexão que deveria trazê-la ao Uruguai. Naquele ano, 13 países disputaram o primeiro mundial organizado pela Fifa: nenhum africano.
Em 2022, entretanto, Marrocos pode quebrar a escrita quase secular e dar um título ao continente africano.
Belgas, croatas, espanhóis e portugueses tentaram por seis horas e meia vazar a defesa marroquina e não conseguiram, feito aliás só conseguido pelo Canadá, país que marcou seus dois primeiros gols na história das copas neste ano. Curiosidade: o gol sofrido pelos africanos foi contra: ou seja, nenhum estrangeiro fez gol em Yassine Bounou, que coincidentemente nasceu no Canadá.
Sobre o goleiro que ostenta a defesa menos vazada da Copa, aliás, uma curiosidade que mostra o orgulho que essa seleção tem de representar não apenas os africanos como também o mundo árabe. O arqueiro, jogador do Sevilla, é fluente em inglês, francês e espanhol, mas só tem se dirigido à imprensa internacional em árabe, para desespero dos jornalistas que não dominam o idioma.
Para exemplificar a qualidade defensiva deste time, basta ter em mente que Gonçalo Ramos, substituto de Cristiano Ronaldo na seleção portuguesa e vindo de um hat trick (3 gols em uma mesma partida) contra a Suíça na fase anterior, só conseguiu tocar duas vezes na bola dentro da área nos 69 minutos em que ficou em campo.
O técnico Walid Regragui fez uma metáfora cinematográfica válida para situar a seleção de seus comandados:
“Quando você assiste Rocky Balboa, você quer apoiá-lo”, disse o treinador. “Somos o Rocky desta Copa do Mundo.”
Na ausência de uma grande estrela como Messi, Modric e Mbappé, o coletivo marroquino destaca-se.
Não são apenas as excelentes atuações do goleiro Yassine Bounou mas também o comprometimento de zagueiros como Romain Saiss e Jawad El Yamiq que permitem que o sistema de contra-ataques funcione com precisão quando acionado.
Nas laterais, Achraf Hakimi pela direita e Yahia Attiyat Allah pela esquerda garantem a solidez defensiva pelas beiradas do campo e constituem-se em boas opções para a saída de jogo.
O meio-campista Azzedine Ounahi, que atua no Angers Sporting Club de l’Ouest, só não teve mais dribles na Liga Francesa do que Lionel Messi, o que mostra que nem só da boa defesa vivem os marroquinos.
Confira a habilidade de Ounahi:
No jogo contra Portugal, o atacante Youssef En-Nesyri alcançou a impressionante marca de 2,77 metros de altura para superar o zagueiro e o goleiro de Portugal e marcar o gol que desclassificou a seleção lusitana.
Veja o gol:
O gol da vitória do #Marrocos sobre #Portugal
Morocco's winning goal against Portugal#Morocco #AtlasLions pic.twitter.com/n58t1Sx4JS— Genuine democracy , genuine social justice for all (@AIdreessy) December 11, 2022