Mensagens revelam que advogado de Trump ajudou Bolsonaro a atacar Moraes

Atualizado em 20 de agosto de 2025 às 22:24
Jair Bolsonaro e Donald Trump durante encontro nos Estados Unidos, em 2020. Foto: Agência Brasil

A Polícia Federal apontou em relatório que Jair Bolsonaro manteve contato direto e frequente com Martin de Luca, advogado que representa a Trump Media Group e a plataforma Rumble em ações movidas nos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes.

De acordo com a apuração, mensagens extraídas do celular de Bolsonaro mostram que ele recebia cópias de petições, relatórios jurídicos e orientações de De Luca para a divulgação de mensagens públicas contra Moraes. A PF avalia que o objetivo da cooperação era enfraquecer a imagem do Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de ofensivas também em território norte-americano.

Em julho, Bolsonaro encaminhou ao advogado um rascunho de nota em que exaltava Donald Trump pela carta enviada a Lula defendendo o tarifaço de 50% contra produtos brasileiros. O ex-presidente pediu que De Luca revisasse o texto e sugerisse ajustes antes de sua publicação nas redes sociais.

No mesmo período, o advogado enviou a Bolsonaro uma petição de sete páginas apresentada na Justiça americana. Três dias depois, uma cópia impressa do documento foi apreendida na residência do ex-presidente durante operação da PF, o que reforçou a constatação da troca direta de informações.

Print de conversa entre Jair Bolsonaro e Martin de Luca – Reprodução

O relatório da Polícia Federal ainda cita que De Luca usava perfis em redes sociais para repercutir críticas a Moraes e republicar manifestações de apoiadores de Bolsonaro, como o pastor Silas Malafaia. Para os investigadores, a conduta demonstrou convergência de interesses entre o ex-presidente e o grupo estrangeiro, alinhados em ataques ao STF.

A conclusão do inquérito é que Bolsonaro se submeteu a orientações externas com a finalidade de pressionar ministros da Suprema Corte e tentar obstruir o andamento de ações penais que investigam a trama golpista de 8 de janeiro.