Merval diz que volta de Marta ao PT mostra que não houve golpe contra Dilma

Atualizado em 16 de janeiro de 2024 às 11:32
Merval Pereira, Marta Suplicy e Dilma Rousseff. Foto: reprodução

Em artigo publicado no jornal O Globo nesta terça-feira (16), o colunista Merval Pereira, que fez campanha pelo golpe de estado de 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff, afirmou que a volta de Marta Suplicy ao PT, partido do presidente Lula, mostra que não houve golpe contra a petista:

Não creio que a chapa Boulos-Marta tenha semelhanças com a vitoriosa Lula-Alckmin. Não se trata de um político de centro-direita se juntando a um líder de esquerda para derrotar extremistas. Boulos é um ex-extremista de esquerda que evoluiu para a esquerda tradicional, enquanto Marta Suplicy é uma política de esquerda que veio para o centro e, no máximo, pode ser classificada de centro-esquerda.

Quase uma chapa puro-sangue, enquanto a vencedora em 2022 sinalizava um governo de união nacional que ainda não se viabilizou. A volta de Marta ao PT mostra, isso sim, que as teses petistas tentando reescrever a História recente, por serem fantasias políticas, não encontram respaldo nos fatos.

O propalado “golpe” contra a então presidente Dilma Rousseff, que a retirou do poder por um processo de impeachment supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), teve o apoio do voto de Marta, então no MDB. E o novo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foi quem presidiu o processo contra Dilma, avalizando-o. (…)

Se Dilma é até hoje homenageada pelos petistas como vítima de um “golpe parlamentar”, a ponto de ganhar, como prêmio de consolação, a presidência do banco do Brics — que lhe dá direito a viajar de primeira classe pela Emirates, como qualquer outro presidente de banco, como ela mesmo lembrou, orgulhosa da mordomia —, como os que votaram a favor dele, ou o avalizaram, podem ser considerados companheiros leais? (…)

Não é preciso entrar no mérito das nomeações, nem desqualificar os escolhidos, para entender que, enquanto o PT se mantiver na sua posição ideológica, sem se preocupar com as consequências de suas denúncias e acusações, continuará escancarando sua incoerência. Lula procura ampliar esse comportamento sendo mais flexível que o PT, que engole todas as decisões do grande líder.

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