Merz diz que Lula “terá que aceitar” que a Alemanha é um dos países mais lindos do mundo

Atualizado em 21 de novembro de 2025 às 6:42
O primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, e o presidente do Brasil, Lula (PT). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, voltou a comentar, nesta quarta-feira (19), o episódio envolvendo suas declarações sobre o Brasil e afirmou que o presidente Lula “terá que aceitar que a Alemanha é um dos países mais lindos do mundo”.

A fala ocorre após críticas ao comentário em que disse que sua delegação ficou “feliz por voltar” da viagem a Belém, cidade que sediou a Cúpula de Líderes antes da COP30.

Durante encontro em Berlim com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, Merz disse: “Eu disse que a Alemanha é um dos países mais lindos do mundo, e isso provavelmente o presidente Lula também vai aceitar”.

O governo alemão já havia tentado conter a repercussão mais cedo. Stefan Kornelius, porta-voz do governo, afirmou que Merz “não depreciou Belém ou o Brasil” e que não havia motivo para desculpas: “Percebo uma certa agitação em torno deste tema que pouco tem a ver com os fatos”.

Reação de Lula às críticas do premiê alemão

As primeiras falas de Merz, feitas no Congresso Alemão do Comércio, geraram forte reação no Brasil. Na ocasião, o premiê declarou que nenhum jornalista de sua comitiva quis “ficar” no país.

“Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, disse na última semana.

Em resposta, Lula afirmou que Merz “devia ter ido num boteco no Pará”, dançado e provado a culinária local.

“O primeiro-ministro da Alemanha esses dias se queixou: ‘ai eu fui no Pará, mas eu voltei logo porque eu gosto mesmo é de Berlim’. Ele, na verdade, devia ter ido num boteco no Pará. Ele, na verdade, deveria ter dançado no Pará. Ele, na verdade, deveria ter provado a culinária do Pará, porque ele ia perceber que Berlim não oferece pra ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém. E eu falava toda hora ‘coma maniçoba'”, disse o petista na terça-feira (18).

O presidente ressaltou ainda que o Pará “saiu do anonimato” com a realização da COP30. “Qualquer parte do mundo sabe hoje que existe o estado do Pará, que existe a cidade de Belém, que é pobre, mas tem um povo generoso como pouca parte do mundo.”

Anúncio de aporte alemão

Apesar do episódio, a Alemanha confirmou um aporte de € 1 bilhão no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), criado pelo Brasil para financiar a proteção de florestas em países em desenvolvimento.

Com o novo aporte, o fundo atinge US$ 6,7 bilhões, contando também com contribuições da Noruega, França, Indonésia e Brasil.

O anúncio ocorre após organizações ambientais pedirem que Berlim elevasse sua contribuição para incentivar compromissos de China, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido.