Mesmo que seja blefe de Braga Netto, é fundamental punir qualquer bravata. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 22 de julho de 2021 às 18:29

Publicado originalmente no perfil de Luis Felipe Miguel

Walter Braga Netto e o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no palácio do Planalto
O site da Folha nega destaque às ameaças de Braga Netto contra as eleições – é preciso descer bastante a tela para encontrar uma menção a elas, em reportagem de Mônica Bergamo. O fato de ser furo de seu concorrente direto não justifica a omissão. O Globo destaca o desmentido do general. E o Estadão mantém a veracidade de sua reportagem.
Não sei se hoje os militares têm condições de dar o golpe que anunciam. Há algo de blefe em seus pronunciamentos, para deixar as lideranças civis na defensiva e garantir a continuidade dos privilégios de que desfrutam e dos negócios nos quais se locupletam.
Falta liderança interna – Braga Netto é ministro, mas não tem ascendência sobre seus colegas de generalato. E, graças à participação no atual governo, as Forças Armadas se encontram no maior grau de desmoralização da história. Imagino que este dado pese nos cálculos dos fardados.
Mas isto não quer dizer que as condições não possam ser criadas. Também por isso, é fundamental punir qualquer bravata. Caso contrário, o recado que se passa é que podem continuar avançando.
A convocação do reincidente Braga Netto para prestar esclarecimentos ao Congresso é o mínimo. Serve para afirmar o poder civil e indicar aos generais (antes tarde do que nunca) que há limites a serem observados.