Metanol: clientes ficam com medo e deixam bares vazios em SP

Atualizado em 3 de outubro de 2025 às 14:17
Bar vazio em São Paulo após intoxicações por metanol no estado. Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

Donos de bares e restaurantes de São Paulo vivem um clima de incerteza no primeiro fim de semana após as mortes e internações ligadas à ingestão de bebidas adulteradas com metanol. O estado já soma 41 casos investigados, 11 confirmados e seis óbitos suspeitos. Nas ruas, o assunto virou tema de conversa e aumentou o receio entre consumidores.

Em regiões boêmias como Itaim Bibi, Vila Olímpia e Barra Funda, clientes têm evitado destilados e optado por cervejas, espumantes ou bebidas enlatadas. Muitos pedem para ver as garrafas antes de consumir, enquanto garçons tentam tranquilizar os frequentadores. A Vigilância Sanitária chegou a interditar bares, como o Beco do Espeto, e empresários já relatam queda no movimento.

O bar Motirô registrou redução de 50% na clientela e viu os drinques darem lugar à cerveja. O tradicional Bar do Juarez manteve fluxo por causa do cardápio variado, mas funcionários confirmam que os clientes estão preferindo chope. Já o Amarelinho afixou um comunicado na entrada reforçando a procedência das bebidas, para evitar boatos.

Outros estabelecimentos, como o Boca de Ouro, em Pinheiros, também sentiram os efeitos da crise. “Os distribuidores já enviaram avisos atestando a idoneidade das bebidas”, disse Renato Martins, sócio do bar ao jornal O Globo. A estratégia de emitir comunicados para tranquilizar clientes também foi adotada por casas renomadas como Blue Note SP, Casa de Francisca e Holy Burger.

Bares de SP emitem comunicados a clientes nas redes. Foto: Reprodução

O Grupo Alife Nino, dono dos bares Boa Praça e Ninno, declarou que todas as bebidas são adquiridas de distribuidores oficiais, com nota fiscal e selo de autenticidade. Alguns locais, como o OH LÀ LÀ, decidiram até disponibilizar notas fiscais em suas unidades para comprovar a origem dos produtos.

Entidades do setor reforçam que a adulteração não está associada a bares regulares. “A expectativa é de manutenção do movimento, com funcionamento normal em todo o país”, afirmou Paulo Solmucci Júnior, presidente da Abrasel Nacional. Segundo ele, apenas a região metropolitana de São Paulo foi mais afetada, com fechamentos preventivos.

Já a Fhoresp pediu mais fiscalização contra falsificadores. “A grande maioria dos negócios age corretamente, mas também se torna vítima ao receber produtos adulterados. Se as autoridades não agirem firmemente, vidas continuarão em risco”, alertou Edson Pinto, diretor-executivo da entidade.

A Abrasel-SP classificou a situação como questão de saúde pública e orientou empresários e clientes a desconfiar de preços muito baixos. Também reforçou cuidados básicos, como comprar apenas de distribuidores legalizados e inutilizar garrafas vazias para impedir o reaproveitamento por falsificadores.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.