Metanol foi adicionado em bebidas e não surgiu da destilação natural, diz perícia

Atualizado em 8 de outubro de 2025 às 10:28
Frascos contendo metanol em laboratório – Foto: Reprodução

A perícia do Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo confirmou que parte das bebidas apreendidas nas fiscalizações apresentava metanol adicionado, e não resultante da destilação natural. O órgão destacou que “dois grupos de produtos periciados apresentaram resultado positivo para metanol, em volume acima do permitido pela legislação”. Os laudos foram encaminhados à Polícia Civil para apoiar as investigações sobre a origem da contaminação.

Em nota, o Instituto informou que trabalha 24 horas nas análises de constatação e concentração de metanol nas amostras entregues pela Polícia Civil, além de realizar a verificação de rótulos e lacres. “Pode-se afirmar, até o momento, e de acordo com as concentrações encontradas, que o metanol foi adicionado, não sendo, portanto, produto de destilação natural”, completou.

Na última sexta-feira (3) o órgão criou uma força-tarefa para acelerar as perícias nas bebidas apreendidas em operações contra adulteração e falsificação. Segundo o governo de São Paulo, cerca de 16 mil garrafas foram recolhidas desde o fim de setembro. O processo de análise inclui checar se as embalagens foram violadas ou reaproveitadas e, em seguida, submeter o conteúdo a equipamentos que identificam a composição química.

Garrafas de bebidas apreendidas em São Paulo passam por perícia – Foto: Reprodução

De acordo com as autoridades, somente o laudo técnico final confirma a presença e a quantidade de metanol em cada amostra. O metanol é um álcool usado industrialmente e altamente tóxico quando ingerido, podendo causar danos ao fígado, cérebro e nervos ópticos, além de risco de cegueira, coma e insuficiência múltipla de órgãos.

O boletim mais recente da Secretaria de Saúde informa que São Paulo registra 18 casos confirmados de intoxicação por metanol, 158 em investigação e 10 mortes, sendo 3 confirmadas e 7 sob análise. Desde o início da crise, 85 casos foram descartados após exames clínicos.

As investigações seguem com duas linhas principais. A primeira apura o uso do metanol em garrafas reaproveitadas para higienização, enquanto a segunda considera a adição proposital da substância para aumentar o volume de bebidas falsificadas. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também levantou a hipótese de que parte do metanol tenha origem em tanques abandonados após operações contra o crime organizado no setor de combustíveis.