Meu encontro com Jessé Souza, um profeta da razão. Por Namir Martins

Atualizado em 10 de abril de 2019 às 21:36
Nabir Martins e Jessé Souza

Aconteceu ontem, dia 09.04.2019 nas  Dependências da Casa “Karl Liebknecht” em Berlim a palestra do professor Jessé de Souza, tendo como tema “A Prisão de Lula e a Operação Lava Jato”.

Este Evento foi organizado pelo Comitê Lula Livre Berlim, em cooperação com o Partido Alemão “Die Linke” e o Fórum Resiste Brasil-Berlim, com o intuito de refletir sobre os procedimentos (ilegais) que levaram à condenação do ex-presidente.

Também Presentes na mesa de debates a moderadora Luena Ricardo, o juiz Luís Carlos Valois e  Luiz Ramanho.

Jessé Souza começa a palestra com uma crítica à Lava Jato, que, na sua opinião, “só existe por conta da Rede Globo “.

O professor afirmou ainda que “a classe média, que antes nunca se expunha, encontrou seu discurso. Então, essa direita que atua hoje é a filha do casamento entre a Rede Globo e a Lava Jato. Jair Bolsonaro é o filho mais legitimo dessa União”.

Algumas importantes reflexões e declarações foram ouvidas pelo público, tais como: “nosso comportamento, a obediência são definidos nas idéias morais, que precisou ser legitimada. E este foi o papel da religião. Ela decidi o que é verdade ou mentira, ela que constrói a moralidade.”

“O que acontece com Lula agora é a mesma coisa, a mesma estratégia usada contra Getúlio. É isso que precisamos entender.”

“Nossa elite vem da período da escravidão. Ela rouba o Estado. Já agia assim na República Velha. Sonegação de impostos só faz a elite”.

A mentira que tem sido contada por década é, conforme assinalou o sociólogo:

“Nós brasileiros somos burros, preguiçosos, ladrões. Esse foi o pensamento criado por eles, para interpretar o Brasil. Infelizmente, o País não é explicado pela escravidão, o que significa a completa dominação sobre o outro”.

Para a elite, é o cenário perfeito para continuar o processo de espoliação: 

“Povo humilhado, que não se respeita, que se sente inferiorizado e se vê como lixo, é facilmente manipulado!”.

Esse mesmo cenário apresenta a idolatria o mercado, uma farsa contada com ajuda de pensadores respeitados até pela esquerda, Raymundo Faoro e Sérgio Buarque de Holanda.

“O mercado é santo, só quem rouba é o Estado”.

É uma tentativa de explicação do Brasil que aniquila a consciência de classe, exceto na elite.

“Quem possui essa consciência de classe é a elite. Toda vez que existe a tentativa de diminuir as diferenças sociais, a elite reage”, como aconteceu na época de Getúlio Vargas e agora, com Lula.

Em razão da falta de consciência de classe, surgem fenômenos como bolsonarismo.

A base do bolsonarismo é a baixa classe média. Na verdade, a que está mais próxima do pobre, que ela odeia. Ela se identifica com o próprio opressor e tem sentimentos ambíguos em relação a este. De um lado admiração, de outro inveja”.

Pelo brilho nos olhos de quem via a palestra, é possível concluir: Jessé Souza, um acadêmico respeitado, se tornou um profeta da razão, realizando eventos onde possa expressar um ponto de vista original e estudos inédito que explicam o Brasil.

Jessé tira de sua pasta a arma mais poderosa para a defesa de um povo: o auto-conhecimento.

Quem tem medo da verdade?

Nós não.