Meus mestres: um agradecimento

Atualizado em 30 de dezembro de 2010 às 8:19
Mamãe e papai com a caçula Kika: inspiração por gestos mais que por palavras

Não sei se fui ou sou um bom aluno, à altura de meus mestres.

Se não fiz ou faço mais, é por defeito meu, não deles. Devo a eles uma fonte de inspiração permanente, construída por gestos muito mais que por palavras, embora estas não tenham faltado.

Meu pai mostrou força na adversidade, o que o fez imbatível na doença que o matou tão rápido.

Minha mãe jamais falou mal das pessoas. Antes, sempre viu nelas o lado bom. Muitas não mereceram um olhar tão generoso, mas isso apenas eleva ainda mais minha mãe.

Tia Tetê me ensinou, no buraco, que objetividade é uma virtude em todas as esferas. Eu estava armando grandes jogos e ela já estava contando os pontos. Foi uma segunda mãe para mim quando estive adolescente no hospital, uma companheira de quarto incomparável.

Tio Neca cuidou de todos os Emboabas como se fossem seus filhos, com sua personalidade acolhedora e generosa. Não porque fosse rico em moedas, mas pela sua riqueza de espírito.

Tia Helena encarnou o princípio confuciano de que é dever dos filhos cuidarem dos pais. Já velha, doente de Parkinson, pegava ônibus e atravessava a cidade para cuidar de sua mãe, minha avó Cotinha.

Banus é prova do poder da vida simples. Seu caráter límpido sempre rejeitou a inveja. Isso permitiu e permite a ele vibrar não apenas com suas vitórias, mas com as dos amigos.

Tia Lili mostra que você pode ser jovem em qualquer idade, desde que não perca o entusiasmo pelas coisas.

Bira ensinou que o bom humor é fundamental. Jamais teve dinheiro e jamais deixou de gozar a vida. Gosto de repetir na mesa de pôquer frases que ouvia dele.

Berê age como deve agir um amigo. Pode falar para você coisas duras, quase sempre certas, mas jamais admitirá que digam coisas ruins de você pelas costas. Solidário e leal sem ser submisso.

Guzzo, no trabalho, fez sempre as coisas parecerem fáceis e simples. Nunca vi um um profissional tão perto de soluções e tão longe de problemas. Embora soubesse muito, tinha prazer em dizer, como Sócrates: “Não sei”. Discreto, ninguém contou com ele para alimentar fofocas e intrigas corporativas.

Machado foi o Demóstenes que encontrei, o exemplo de como o trabalho duro e perseverante pode levar você a escalar degraus que seriam intransponíveis em outras circunstâncias.