Por George Marques, de Brasília
As manifestações de baderneiros golpistas insatisfeitos com o resultado eleitoral que consagrou a vitória do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) teve nesta terça-feira (15) a constatação que há forte apoio empresarial que tem dado suporte à micareta golpista.
Concentradas em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, diversas barracas estavam com uma estrutura de cozinha industrial disponibilizando até quatro refeições por dia e de graça a fim de manter a tropa mobilizada. Sem falar de cadeiras, churrasqueiras, guarda-sóis para amenizar ora o calor ora a chuva.
Carros, caminhonetes e caminhões com carne, frango, frutas e outros itens chegam diariamente para abastecer o acampamento. Testemunhei nesta manhã diversas barracas com churrasco de graça e distribuição de alimentos aos golpistas.
Empresários que financiam atos antidemocráticos no Distrito Federal estão na mira de procuradores do Ministério Público Federal (MPF), que pediram semana passada abertura de investigação sobre o caso.
No entendimento do MPF, manifestações como o ato bolsonarista em frente ao QG do Exército, em Brasília, contam com “um caráter antidemocrático, e até mesmo criminoso, de pessoas que buscam a ruptura da ordem constitucional”. O órgão defende que uma das bases da democracia é o direito à livre manifestação, mas que nenhum direito é absoluto e que incitar a animosidade das Forças Armadas contra os poderes constitucionais configura crime.
Uma das faixas posicionadas em frente ao QG do Exército incitava as Forças Armadas a dissolverem a atual composição do Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo que a Constituição não abarque qualquer papel de poder moderador aos militares.
Só pra lembrar: incitação à “animosidade entre as Forças ou entre estas e as classes sociais e instituições” é crime, pena reclusão de 4 a 8 anos.
Por volta de meio-dia uma tempestade varreu o céu do centro da Capital levando um sinal divino de que nem o Altíssimo tolera mais esses baderneiros.
Tudo indica que o silêncio de Bolsonaro sobre os atos antidemocráticos, mudo após a derrota para Lula, sugere que o presidente tem atuado nos bastidores para estimular a continuidade desses atos golpistas. Há quem veja nisso tudo uma tentativa de Bolsonaro barganhar algum tipo de anistia lá na frente.
Os procuradores do MPF têm agora à sua disposição farto material comprobatório confirmando que parte da elite empresarial patrocina uma espécie de insurreição aos moldes dos EUA.
São crimes graves perpetrados contra o Estado Democrático de Direito e que precisarão ser investigados e os responsáveis por essas badernas, punidos.
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