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O poltrão Michel e o heroi anônimo que pintou “Fora Temer” no Museu Nacional de Brasília. Por Kiko Nogueira

O heroi anônimo e sua obra (Foto: Marcelo Ferreira)

Não se sabe o nome dele, de onde vem, sua idade, se é casado, se tem filhos — nada.

O que se conhece é que ele pintou um monumental “Fora Temer” no Museu Nacional de Brasília — frase que deveria ser preservada, e não apagada.

O heroi anônimo, ao que consta, não pertence a nenhum movimento político. Não é de esquerda, direita ou centro. 

É um cidadão comum, empanzinado com o governo vagabundo de plantão e seu líder, e que não precisou da escora de nenhum grupo para se manifestar.

Em tempo de crise e desemprego recorde, não se importou se iria para a rua, se tomaria uma enquadrada do chefe, se alguém chamaria a polícia.

Com seu instrumento de trabalho nas mãos, diante da oportunidade, não pestanejou e lançou seu grito espontâneo de indignação e de saco cheio.

“É a minha opinião política, nós temos liberdade de expressão”, disse ao fotógrafo Marcelo Ferreira, que flagrou a cena. Ele não quis tirar um retrato, não posou de mártir, não escreveu textão no Facebook, não deu uma de japonês da Federal e outros picaretas famosos por 15 minutos.

A pintura, segundo o Correio Braziliense, é a última fase do processo de revitalização do lugar, aos cuidados da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

Há um licença poética no ato: o pintor é terceirizado. O dono da empresa prometeu tomar as “providências cabíveis”. Será ele mandando embora? Deveria ser promovido.

Ele sabia o que fazia e as consequências. É um homem que, diante de uma chance de dar seu recado, não titubeou, não desperdiçou o momento, não ficou calado.

É um tapa na cara de um presidente que vive acoelhado, que não sai na rua, um ácaro de gabinete com pânico de fantasmas vivos e mortos, que opera nas sombras para fazer um serviço sujo e que finge se orgulhar de ser desprezado alegando que prefere ser impopular a populista.

O autor do “Fora Temer”, sozinho como veio ao mundo, desafiou Michel e sua corriola. Não fosse MT essa figura patética, pediria perdão aos brasileiros, condecoraria o pintor por bravura e iria para casa cuidar para que Michelzinho não seja como o papai.

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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