Mídia: editores lutam para falar direto com seus leitores. Por JE Mendonça

Atualizado em 13 de setembro de 2016 às 11:50

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No começo foi uma beleza. Editores se aproveitam do alto tráfego das plataformas. Mas o que era bom anda virando um pesadelo. Elas se inseriram entre as publicações e seus leitores, e se tornou mais difícil gerar receita a partir deles.

Agora, as empresas começam a encontrar formas de estabelecer conexões diretas com leitores, fazendo com que visitem seus sites e tenham controle total de audiência e monetização.

Para reduzir sua dependência destas plataformas, editoras estão usando variações de uma estratégia comum: identificar segmentos de suas bases de leitores que possam ter tratamento especial, fazê-los enxergar conteúdo único baseados em seus próprios websites ou newsletters ou mesmo offline, e fazer com que se tornem assinantes ou criem o hábito de visitar aquele conteúdo regularmente.

“Dá para se fazer muitas coisas para formar hábitos nas pessoas”, disse ao Digiday Ben French, vice-presidente do NYT Beta, unidade do New York Times que vem desenvolvendo seções de nicho como Cooking, Well e Watching.

Motivos para queixas não faltam. Facebook e Google são fornecedores vitais de trágego para editores. De acordo com pesquisa pubicada pela consultoria NewsWhip no mês passado, apenas o Facebook responde por 21% a 40% de tráfego para um quinto das empresas pesquisadas. Para outro quarto deles, a taxa é de 41% a 75%. Estas mesmas empresas dependem demais do Google, que impera nas buscas, e ambas as companhias adotam estratégias para manter leitores em suas plataformas.

Estas estratégias têm impacto profundo em como as editoras podem monetizar seus públicos. O formato rápido de artigos do Google, o Accelerated Mobile Pages, por exemplo, não aceita certos tipos de anúncios. Há queixas de que o template Intant Articles, do Facebook, de carregamento rápido, cuja receita já é mais baixa que seus próprios sites, vem caindo. O jornal inglês Independent, por exemplo, diz que a taxa que recebe do Instant Articles caiu mais de 15% este ano.

Mesmo quando Facebook e Google eram fontes confiáveis de tráfego para os editores, era difícil manter leitores. Para combater as variações, as empresas têm trabalhado para manter leitores em seus sites por mais tempo, ou capturá-los na forma de assinatura por email ou um registro no site.

Isto levou dezenas de editoras a uma companhia chamada Bounce Exchange. Ela tem 4 anos e seus clientes como Cosmopolitan ou Playboy, ou editoras verticais, como Four Hour Workweek e Fatherly, e mesmo a Digiday, usam suas ferramentas para atrair de assinaturas por email a compras. São hoje mais de 200 clientes.

Usuários do Instagram podem usar palavras-chave para bloquear conteúdo

O Instagram lançou uma nova ferramenta que permite a usuários bloquear comentários que contenham palavras-chave específicas que preferem não ler. Os usuários podem listar as palavras que deseja filtrar, e quaisquer comentários que contenham estas palavras não aparecerão sob seus posts.

Parece uma solução inteligente. Mas seria melhor se isto fosse automatizado, em vez de usuários terem de digitar uma montanha de palavras. A empresa diz que vai fornecer uma lista básica. Para ela, porém, ou para o Facebook, usar este tipo de ferramenta pode livrá-los de acusações de serem contra a livre expressão, nota o Renote.

O filtro já está disponível, por enquanto em inglês, embora possa aceitar “qualquer língua com espaço entre as palavras”. Kevin Systrom, fundador do Instagram, disse que as medidas eram necessárias para “promover uma cultura onde todos se sintam seguros de serem eles mesmos sem críticas ou perseguição”.

Segundo Systrom disse ao Daily Telegraph, o Instagram aceita sua responsabilidade como uma empresa que mantenha a rede positiva e segura. “Sabemos que ferramentas não são a única solução para este problema complexo, mas podemos trabalhar para manter o Instagram como um local seguro de auto-expressão”.

No Brasil, dominam funções básicas de celulares

Usuários de celulares de 16 a 64 anos ainda tendem a usar no Brasil a comunicação mais básica, em vez de navegar na internet ou usar redes sociais. Quase 80% dos pesquisados pelas empresas S4M (Solutions for Mobile), Tapestry e Pointlogic disseram que usaram email, fizeram ligações ou enviaram mensagens todos os dias.

Isto poderia sugerir uma grande quantidade de telefones de baixa tecnologia, mas na verdade 90% dos pesquisados tinha smartphones. Isto significa que podem buscar informação, o que fazem, em certa extensão: quase 70% disseram que usam para ler notícias e outros 60% para ouvir música ou buscar informação, diariamente.

Em média, diz pesquisa feita pela SimilarWeb em junho deste ano, usuários de smartphones Android no Brasil pasam uma hora por dia no WhatsApp. No total, há 113 milhões de usuários de celulares no país.

Mas eles também estão fazendo outra coisa: compras. Uma pesquisa de junho de 2016 da Conecta destaca que mais de 50% de usuários de internet brasileiros fizeram uma compra em oito categorias diferentes de produtos, de utilidades domésticas, a roupas, sapatos e livros.

Mas apenas 15% compraram um carro online, enquanto que menos de 40% compraram passagens de avião. Quase 60% adquiriram produtos de beleza e esporte digitalmente. A conveniência e o preço são as principais razões para estas compras, afirma estudo de setembro de 2015 da PricewaterhouceCoopers (PWC).

Comparados a consumidores no Chile e no México, compradores no Brasil se preocupam mais com a conveniência – perto de 50% deles a citam como razão primária.

Em agosto de 2016, a eMarketer estimou existirem um total de 41.1 milhões de compradores digitais com 14 anos ou mais no Brasil este ano, mais de 40% de todos os usuários de internet. Este número deverá chegar a 83.1 milhões em 2020.

Charlie Hebdo é processado por cartuns sobre terremoto na Itália

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Uma cidade italiana, Amatrice, vai processar a revista satírica francesa Charlie Hebdo por mostrar vítimas do terremoto do mês passado no local como tipos de macarrão.

Um cartum, intitulado Terremoto à Italiana, fez legendas de um homem sangrando enfaixado como “penne ao molho de tomate”, uma mulher ferida e inchada como “penne au gratin” e um um prédio desabado sob o qual apareciam sangue e pés como “lasanha”.

Foi pior que isso. Depois de os italianos expressarem sua revolta, a revista publicou outro cartum com uma pessoa metade sob escombros, dizendo: “Italianos, não foi o Charlie Hebdo que construiu suas casas, foi a Máfia!”