
O presidente da Argentina, Javier Milei, referiu-se indiretamente ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, como um “tirano” ao criticar a suspensão no Brasil da rede social X, propriedade do empresário Elon Musk, decisão que foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro.
Durante sua fala no Fórum de Madri, um evento ultradireitista realizado no Centro Cultural Kirchner em Buenos Aires, Milei expressou sua admiração por Musk e disparou críticas contra Lula, a quem já havia anteriormente chamado de ladrão e comunista. “O X é uma arena pública onde cidadãos brasileiros e do mundo inteiro podem expressar suas opiniões e discordâncias. Eles querem fechar o espaço onde as ideias são livremente trocadas”, declarou.
Milei questionou a audiência: “Quem, a não ser um tirano que está errado em tudo, poderia apoiar tal ato de opressão?”. Ele também se mostrou crítico em relação à mídia argentina por defender o antigo formato do Twitter, acusando-a de censurar aqueles com opiniões divergentes e descrevendo essas ações como “vômitos e nojentas” enquanto “perseguem” os defensores da liberdade.
O presidente argentino mencionou que o centro cultural CCK, onde o evento foi realizado, será renomeado de Néstor Kirchner para Libertad nas próximas semanas. Milei ainda criticou o Supremo Tribunal Federal brasileiro por suas decisões que favorecem o Partido dos Trabalhadores (PT). “Precisamos observar o Brasil, onde a justiça está sob o domínio do PT”, argumentou Milei.
Embora as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina se mantenham, os presidentes não têm realizado encontros formais. Em maio, Milei encontrou-se com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro em Balneário Camboriú, Santa Catarina, ausentando-se da cúpula de líderes do Mercosul. Presidente Lula, por sua vez, exigiu desculpas de Milei pelos insultos antes de retomar o diálogo.
A suspensão da rede social X foi uma medida cautelar inicialmente ordenada pelo juiz Alexandre de Moraes, que tem sido alvo de ataques histéricos por parte do bilionário de extrema-direita Musk, e posteriormente confirmada pelos cinco membros da primeira turma do Supremo Tribunal Federal.