
O presidente da Argentina, Javier Milei, fechou a agência pública de notícias Télam e cercou os prédios da estatal com policiais. Os funcionários da agência foram demitidos e o site do veículo foi retirado do ar pelo mandatário de extrema-direita.
Milei mandou policiais cercarem os dois prédios da agência de notícias, o que gerou protestos na porta da empresa, promovido por funcionários e sindicatos. Os profissionais que trabalham na Télam relatam que receberem um e-mail na madrugada desta segunda (4) dizendo que todos “estão dispensados”.
O presidente argentino já havia ameaçado fechar a agência de notícias durante discurso no Congresso do país na última sexta (1). Na ocasião, ele afirmou que a Télam estava sendo “utilizada nas últimas décadas como agência de propaganda kirchnerista”.
Neste domingo (3), no entanto, o porta-voz do governo, Manuel Adorni, alegou que o encerramento das atividades ocorreria por supostos prejuízos. Sobre o fechamento do prédio com grades de metal e o envio de forças policiais, ele alegou que “o operativo de segurança tentou evitar qualquer tipo de invasão”.
Governo Milei tira estatal de notícias do ar, e polícia cerca prédio em Buenos Aires. Sindicatos protestam e dizem que fechamento é ilegal
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— Júlia Barbon (@juliabarbon) March 4, 2024
A agência tem 700 empregados e é a única “com uma rede de correspondentes em todas as províncias argentinas”, segundo coletivo de funcionários da Télam. Os trabalhadores lembram ainda que o ex-presidente Maurico Macri utilizou um argumento similar ao de Milei para demitir 357 pessoas em 2018, o que foi revertido posteriormente pela Justiça.
Diversos sindicatos, como a Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa (Fatpren), saíram em defesa dos funcionários da agência e afirmaram que vão buscar “ações legais, sindicais e políticas que forem necessárias para proteger tanto o seu papel social na democracia quanto todas as fontes de emprego” dos trabalhadores.