Milei mostra como será o novo avanço da extrema-direita pelo mundo, diz cientista político

Atualizado em 28 de dezembro de 2023 às 15:55
O presidente da Argentina, Javier MIlei. Foto: Alejandro Pagni/AFP

O cientista político Ítalo Soares aponta que o presidente da Argentina, Javier Milei, está mostrando como deve ocorrer “o novo avanço de extrema-direita pelo mundo”. Ele avalia que o novo mandatário do país promoveu uma “mudança abrupta da Constituição” e gera uma incerteza geral na população, que só favorece seus apoiadores.

Para o pesquisador, Milei deve seguir por um de dois possíveis caminhos: um populismo de massas, similar ao que foi feito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil, ou uma repressão estatal. Leia na íntegra:

Milei está dando o mapa de como será o novo avanço de extrema-direita pelo mundo. Quem assumir não poderá dar brechas para oposição intra-estatal (judiciário/burocracia) tampouco sociedade civil (universidades/sindicatos/ONGs).

O mandato já começa com uma pancada para que os eleitos pilotem um outro Estado.

A mudança abrupta da Constituição coloca em suspenso todo o direito administrativo e penal; os únicos que conseguem ter expectativas estáveis são os grupos próximos do poder; a incerteza geral produz movimento, que poderá ser encabeçado pelos apoiadores do governo, caso esse adote um populismo de massas (ao estilo Jair), ou exigirá mais repressão estatal, combinada agora com proibições de ir e vir e de se organizar politicamente.

Em suma, essa segunda rodada só poderá ser mais violenta.

Esse método Milei vai de encontro do método da “erosão lenta da democracia” identificado principalmente pelos institucionalistas americanos (Ziblatt, Mounk, etc), e acredito eu pela observação que a erosão lenta das instituições não entrega os resultados eleitorais esperados.

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