Milicianos planejam expandir influência no RJ com eleições municipais em 2024; entenda

Atualizado em 24 de fevereiro de 2024 às 10:14
O condomínio Verona, um dos empreendimentos do Minha Casa Minha Vida, em Santa Cruz, é controlado por uma milícia Foto: Pedro Kirilos/Agência O Globo

As milícias exercem um controle significativo em partes do Rio de Janeiro, estendendo-se desde as celas em presídios até os círculos políticos do Estado. Esses grupos paramilitares, originados por ex-agentes das forças de segurança, ganharam apoio popular sob a promessa de combater o avanço do tráfico de drogas, e em 2024 eles pretendem impulsionar ainda mais familiares na política para ampliar a influência. No entanto, a ascensão desses núcleos levou a uma série de abusos, violência e coerção.

Os líderes milicianos não apenas consolidaram seu poder em nível local, mas também penetraram na esfera política, usando sua influência para obter votos e construir dinastias políticas duradouras. Um exemplo é Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, que, após sua atuação como líder miliciano, ingressou na política, sendo eleito vereador no Rio de Janeiro.

“Os grupos de extermínio no Rio de Janeiro sempre tiveram uma vinculação com a política”, destacou Lenin Pires, professor do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), em entrevista ao Estadão. “Sempre foi parte estratégica de grupos políticos para se estabelecer, para entrar em uma localidade, para estabelecer uma certa noção de ordem.”

Apesar da condenação de Jerominho por liderar a “Liga da Justiça”, sua família continua buscando manter sua influência na Baixada Fluminense e na capital. Sua filha, Carminha Jerominho (PTdoB), conseguiu se eleger vereadora em 2008, mesmo estando presa por acusações relacionadas ao uso da milícia para coagir eleitores. Após ser cassada e posteriormente reconduzida ao cargo, ela continua sendo uma figura política especulada para futuras eleições.

Outros membros próximos a Jerominho também tentaram cargos políticos, mas sem sucesso. Coronel Porto, apoiado por Jerominho em 2022, é um exemplo. As investigações apontam suas possíveis ligações com a milícia, destacando a interseção entre grupos criminosos e a política.

Hellen Patricia, Jerominho e Carminha Jerominho — Foto: Reprodução

Além disso, figuras como o ex-vereador condenado por integrar uma milícia, Luiz André Ferreira da Silva, conhecido como Deco, também representam a influência das milícias na política local. Deco, por exemplo, apoiou seu filho, Daniel Carvalho Deco, em uma tentativa de continuidade do legado político da família, ambos pelo Republicanos.

A influência das milícias na política levanta preocupações sobre o controle territorial e a corrupção no Rio de Janeiro. A investigação envolvendo a deputada estadual Lucinha, suspeita de envolvimento com a milícia, é um exemplo disso. Apesar das negativas, as conexões entre políticos e grupos criminosos continuam a ser uma questão importante para as autoridades.

Lenin Pires explicou na entrevista que a colaboração entre milícias, políticos e agentes de segurança para manter o domínio territorial. Esse cenário ressalta os desafios enfrentados no combate à criminalidade e à corrupção no Rio de Janeiro, destacando a necessidade de medidas eficazes para enfrentar esse problema persistente.

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