Militares bolivianos voltam atrás e dizem que vão reprimir nas ruas. Por Fernando Brito

Atualizado em 12 de novembro de 2019 às 8:37
Comunicado de militares na Bolívia. Foto: Reprodução/Tijolaço

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Contrariando a nota emitida à tarde (veja acima) o comando das Forças Armadas bolivianas disse, agora à noite, que irá às ruas reprimir o que chamou de “vandalismo”.

Milhares de indígenas marchavam sobre La Paz e Santa Cruz de la Sierra, mas Evo Morales pediu calma e que se evitassem conflitos.

Anunciou que está indo, asilado, para o México, dizendo que lhe dói “deixar o país por razões políticas” mas que espera voltar “logo, com mais força e energia”.

Haverá muito conflito e muitos impasses no país, mas não creio na reversão do golpe.

Creio serem maiores as possibilidades de uma disputa entre a direita representada por Carlos Mesa e a extremíssima-direita de Luís Camacho, que tomou conta das manifestações anti-Evo.

Com um ou com outro, as populações indígenas vão sofrer intensa repressão e possivelmente ficará sem representação legítima no novo processo eleitoral, marginalizada como sempre ficou, desde que o Movimento Nacionalista Revolucionário, de Victor Paz Estenssoro, e sua dissidência, o Movimento de Esquerda Revolucionário, o MIR de Jaime Paz Zamora, transitaram para a direita.

Evo parece estar dedicado a evitar um banho de sangue.

Novas eleições vão demorar, ao menos três meses. Talvez, até lá, haja um novo quadro, principalmente se o país seguir no caos.