
Neste domingo (12), a crise política em Madagascar se agravou depois que parte do Exército se uniu a milhares de manifestantes na capital, Antananarivo, em um movimento que o presidente Andry Rajoelina classificou como “tentativa ilegal de tomada do poder pela força”. O chefe de Estado alertou que o país enfrenta um momento de instabilidade e defendeu o diálogo como única saída possível.
“A Presidência da República deseja informar à nação e à comunidade internacional que uma tentativa de tomada de poder ilegal e pela força, contrária à Constituição e aos princípios democráticos, está em andamento em território nacional (…) O diálogo é a única forma de resposta e a única solução para a crise que o país enfrenta atualmente”, declarou Rajoelina em comunicado oficial.
Pouco depois, um grupo de militares anunciou que havia assumido o controle das Forças Armadas de Madagascar. “A partir de agora, todas as ordens do exército de Madagascar, sejam terrestres, aéreas ou militares, partirão do quartel-general do Capsat (Corpo de Pessoal e Serviços Administrativos e Técnicos do Exército)”, afirmaram oficiais em vídeo divulgado à imprensa.
O ministro das Forças Armadas, Manantsoa Deramasinjaka, reconheceu o novo chefe do Estado-Maior indicado pelo Capsat. “Dou-lhe a minha bênção”, declarou, dirigindo-se ao general Démosthène Pikulas durante cerimônia no quartel-general.
Os protestos começaram em 25 de setembro, liderados por jovens da geração Z, e foram impulsionados por queixas contra cortes de água e eletricidade, além de denúncias de corrupção e falta de oportunidades. O Capsat, que já havia participado de uma revolta em 2009, afirmou que “se recusaria a obedecer às ordens de atirar” nos manifestantes e passou a apoiá-los.

Com o aumento da tensão, a companhia aérea Air France suspendeu neste domingo os voos entre Paris e Antananarivo até segunda-feira (13), “devido à situação de segurança”. A Air Austral, que opera entre a Ilha da Reunião e Madagascar, cancelou uma escala no sábado, mas manteve seus voos no domingo.