Militares sentiam “angústia” e “vergonha” em serem liderados por Lula, revela depoimento

Atualizado em 15 de março de 2024 às 21:30
Lula é saudado por seus comandantes militares: o general Tomás Paiva, o tentente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno o Almirante Marcos Olsen . Foto: Ricardo Stuckert

A eleição de 2022, na qual o presidente Lula (PT) saiu vitorioso, provocou discussões entre um grupo de militares, sugerindo a possibilidade de uma renúncia em massa, conforme revelado pelo depoimento do coronel Sergio Cavaliére, divulgado nesta sexta-feira (15) pelo STF (Supremo Tribunal Federal), no contexto do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado bolsonarista. Com informações do UOL.

Os militares expressaram resistência em serem liderados por Lula. Segundo Cavaliére, havia “uma angústia” entre aqueles que “não gostariam de ser comandados pelo candidato eleito”. O coronel descreve a situação como “um grande constrangimento” para eles, “um grande motivo de vergonha”, prestado em 22 de março passado.

A possibilidade de uma “saída forçada” foi considerada como forma de evitar ter “Lula como Comandante Supremo das Forças Armadas”. Cavaliére observa que havia “um grande descontentamento nos níveis inferiores da hierarquia (oficiais subalternos, soldados)”, inclusive resultando em “disputas de opiniões” em alguns quartéis.

O coronel serviu na Academia Militar das Agulhas Negras durante o mandato de Bolsonaro. Cavaliere atuou entre 2019 e 2022 na instituição, responsável pela formação dos oficiais do Exército (encarregados das funções de comando das tropas). Ele trocou várias mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid, assessor direto do ex-presidente.

Lula com os comandantes militares: o Almirante Marcos Olsen, o general Tomás Paiva, o tentente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno e o ministro José Múcio. Foto: Ricardo Stuckert

O Coronel foi enganado por um áudio falso Cavaliére enviou a Cid um áudio alegadamente de hackers do interior de São Paulo. Nas gravações, alegava-se que mais de 2 milhões de votos foram registrados após as 18 horas no dia das eleições. Segundo o coronel, sua intenção ao enviar era verificar se o conteúdo era legítimo ou apenas uma brincadeira da internet.

“Nosso pessoal que fez”, respondeu Cid. Durante o depoimento, Cavaliére afirmou não entender o que Mauro Cid quis dizer com essa afirmação nem quem eram as pessoas referidas como “nosso pessoal” pelo tenente-coronel — mas confirmou que a menção poderia se relacionar com “pessoas que estavam a frente dos estudos de vulnerabilidade das urnas eletrônicas”.

A viatura que transportou Cavaliére para um dos interrogatórios foi apreendida devido a indícios de alterações na placa. O incidente ocorreu nas instalações da Polícia Federal do Rio no dia do depoimento em questão. Um inquérito militar foi iniciado para investigar o caso.

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