Mimado, Deltan diz esperar que Celso de Mello se aposente para que seja feita sua vontade no STF. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 25 de outubro de 2019 às 17:28
Dallagnol em momento Chacrinha

Um dos problemas de Deltan Dallagnol, talvez o maior deles, é a autonomia completa de que goza.

Deltan não tem chefe e é inamovível.

Julgado por seus pares no CNMP, sempre recebeu um tapinha nas costas no final.

Em tese, responde ao titular da PGR, mas tanto Janot quanto Dodge o deixaram como um burro pastando solto no pasto.

Augusto Aras, por enquanto, nada fez para segurar o caboclo.

Nenhuma organização — família, empresa, clube de futebol, boteco, banda de forró — sobrevive a um sujeito que faz o que quer.

Em palestra em Santo André na sexta, dia 25, o Wesley Safadão da Lava Jato resolveu encarnar o menino mimado superpoderoso para entreter a platéia.

Deltan está inconformado com a votação no STF relativa à condenação após segunda instância. O mundo não obedece seus desígnios.

Declarou ao público sua torcida para que a aposentadoria compulsória do ministro Celso de Mello em 2020 permita que essa situação seja “revertida”.

Quem sabe não vem o juiz “terrivelmente evangélico” prometido por Bolsonaro para consertar o Brasil da maneira como Deltan quer porque quer?

Quem sabe é ele mesmo?

Quem sabe não é o amigo Moro?

No passado, o decano se posicionou contra a execução provisória da pena.

Deltan quer tirá-lo do caminho.

Deve rezar para que isso seja feito, eventualmente, de outro modo.

Um acidente de carro? Melhor ainda se Gilmar, Toffoli e Marco Aurélio estiverem junto. 

“Nenhum princípio da Constituição é absoluto”, afirmou, ainda, à plateia reunida no Teatro Municipal.

Não diga!

Cláusula pétrea é cláusula pétrea — exatamente para que tiranetes ou oportunistas não interpretem as leis ao sabor do vento ou pelo nome que está na capa do processo.