Ministério da Saúde anula orientação do governo Bolsonaro sobre aborto e vira alvo de fake news

Atualizado em 29 de fevereiro de 2024 às 14:46
Sede do Ministério da Saúde, em Brasília. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Ministério da Saúde derrubou uma orientação do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro que fixava prazo para o aborto legal e a gestão tem sido alvo de fake news bolsonaristas após a medida. Em nota técnica, a pasta estabelece que não há limite de tempo para realizar o procedimento, conforme previsto no Código Penal, em vigor desde 1940.

A medida não amplia as situações que permitem aborto legal no país e apenas estabelece que não há mais prazo para realizar o procedimento em casos de gravidez que coloca em risco a vida da gestante ou gravidez em resultado de estupro.

“Se o legislador brasileiro ao permitir o aborto, nas hipóteses descritas no artigo 128 não impôs qualquer limite temporal para a sua realização, não cabe aos serviços de saúde limitar a interpretação desse direito, especialmente quando a própria literatura/ciência internacional não estabelece limite”, diz nota técnica do Ministério da Saúde.

A recomendação durante o governo Bolsonaro era a de que o aborto legal fosse realizado em até 21 semanas e 6 dias de gestação. Na ocasião, a gestão do ex-presidente alegou que haveria uma “viabilidade do feto” de sobreviver após esse período, o que supostamente configuraria um parto prematuro e não mais um aborto.

Nota técnica do Ministério da Saúde não amplia situações que permitem o aborto legal. Foto: Divulgação

O Ministério da Saúde afirmou que “a viabilidade é um conceito dinâmico/mutável” e que a interpretação desses casos podem varias “de acordo com as características individuais e regionais”. Por isso, seria problemático estabelecer um prazo legal para se garantir o direito ao aborto.

A pasta ainda afirma que manter a gravidez mesmo tendo direito ao aborto legal “configura ato de tortura/violência física e/ou psicológica, tratamento desumano e/ou degradante, sobretudo às vítimas de violência sexual”.

Também foi anulada a cartilha “Atenção Técnica para Prevenção, Avaliação e Conduta nos Casos de Abortamento”, feita pelo governo Bolsonaro, que defendia investigação policial contra mulheres que ralizassem o procedimento e afirmava que “todo aborto é crime”.

Após a nota técnica da pasta, bolsonaristas têm divulgado fake news de que o governo teria liberado o aborto no país. Parlamentares e influenciadores que apoiam o ex-presidente têm divulgado textos mentirosos. O deputado Nikolas Ferreira (PL-RJ) afirmou que vai tentar “derrubar” a nota técnica da pasta.

Veja as mentiras:

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