O Ministério Público do Estado de São Paulo instaurou dois inquéritos civis para apurar possíveis irregularidades em obras da Prefeitura de São Paulo sob a gestão de Ricardo Nunes na Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb). A Siurb tem como chefe de gabinete Eduardo Olivatto, ex-cunhado de Marcola, o chefe do PCC.
Os inquéritos foram abertos pela Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social do MP após denúncias feitas pelo deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos. O candidato chamou a atenção do MP ao fato dos gastos com obras emergenciais da Prefeitura de São Paulo terem subido de R$ 80 milhões em 2020 para R$ 2 bilhões em 2022.
Um relatório do Tribunal de Contas do Município já havia apontado que a Prefeitura tinha criado “emergência fabricada” para justificar obras nas exceções previstas na Lei de Licitações. Segundo o TCM, a SIURB “teria agido com insuficiente planejamento para o enfrentamento de problemas históricos da cidade”.
O relatório do Tribunal de Contas trouxe outros dados que levantaram suspeitas do MP: 60% dos contratos de emergência foram firmados com apenas 10 empresas e houve a concentração da fiscalização das obras em apenas 6 fiscais. E mais: “verificou-se indícios de que determinadas empresas possuem um mesmo grupo societário”.
Outro ponto que chamou a atenção do MP é o fato de que a empresa DPT Engenharia e Arquitetura recebeu R$ 60 milhões dos contratos emergenciais. O proprietário da DPT é Pedro José da Silva Júnior, padrinho da filha do prefeito Nunes.
Cada um dos inquéritos visa investigar uma obra em específico, um investiga uma obra em Sapopemba e outra no Itaim Paulista.