Ministério Público não fará nada para impedir que Record continue praticando jornalismo irresponsável?

Atualizado em 10 de junho de 2020 às 9:13

Record Lixo.

O que o Cidade Alerta colocou no ar ontem à noite é uma vergonha não só para o jornalismo, mas para a parte já civilizada da sociedade brasileira.

Um homem foi assassinado em São Paulo e seu corpo ainda nem tinha sido retirado do sofá quando a jovem repórter Luisa Zanchetta começou a narrar.

Primeiro, a vítima, de nome Josivaldo, foi apresentada como protagonista de uma briga com amante.

Depois, a repórter disse que ele seria agiota.

Confrontada pela filha e por outro homem, a repórter disse que a informação era de vizinhos.

Que vizinho?

Um homem que não era da família — aparentemente, vizinho — desmente a jornalista ao vivo:

“Ele já emprestou dinheiro para você?”

“Os vizinhos deram essa informação”, insiste a repórter, enquanto, do estúdio, o já experiente Luiz Bacci pede a prisão do homem que está fazendo um questionamento absolutamente pertinente.

Para o apresentador, quem merece prisão é o homem que critica a reportagem por divulgar informação sem consistência e que causa dano moral à memória da vítima e também a seus parentes.

Quem merece punição são esses que exercem, criminosamente, o ofício do jornalismo. Bacci é reincidente da prática.

Há alguns meses, ele fez uma mãe desmaiar ao permitir que um advogado lhe contasse, ao vivo, que a filha havia sido assassinada.

O Ministério Público não fará nada para impedir que esse show de horrores continue sendo apresentado em rede nacional sem o mínimo de responsabilidade?

Nunca é demais lembrar o que diz o artigo 221 da Constituição Federal, o nosso pacto de convivência civilizada:

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

.x.x.x.

PS: “Não se trata de impor censura, mas de responsabilizar quem abusa do ofício do jornalismo, colocando no ar notícias que não respeitam os valores éticos e sociais da pessoa e da família. Um ajuste de conduta ou a obrigação de veicular mensagens reparadoras seriam um bom começo.