
A ministra de Segurança Pública da Argentina, Patrícia Bullrich, aliada do presidente Javier Milei, é acusada de ter recebido dinheiro do narcotráfico em sua campanha presidencial de 2023. Segundo reportagem exibida pelo programa “Telenueve Denuncia”, do Canal 9, a doação de 215 milhões de pesos (cerca de 150 mil dólares) teria vindo de Alejandra Bada Vázquez, empresária ligada ao traficante internacional Federico “Fred” Machado, preso na Argentina e investigado pelos Estados Unidos.
O caso foi apresentado pelo jornalista Tomás Méndez e contou com depoimento do consultor político Gastón Alberdi, ex-assessor de Milei. Alberdi afirmou que Bada Vázquez e seu irmão, donos da empresa Lácteos Vidal, participaram de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de 3 bilhões de dólares. As transferências, segundo ele, serviram para pagar o transporte de cocaína entre a Colômbia e o México.
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O narcotráfico financia a direita na Argentina. Depois de José Luis Espert, apareceu simplesmente a Patricia Bullrich, ministra de Segurança Pública de Macri (2015-2019) e Javier Milei, recebendo dinheiro do narcotráfico para sua campanha à presidência em 2023. NENHUM… pic.twitter.com/4tTL2DcLcJ— Rogério Tomaz Jr. (@rogeriotomazjr) October 12, 2025
Fred Machado, apontado pelas autoridades norte-americanas como integrante de uma rede ligada aos cartéis de Sinaloa e do Vale da Colômbia, está preso em Viedma, na Patagônia, aguardando extradição para os Estados Unidos. Sua sócia, Debra Lynn Mercer-Erwin, já foi condenada a 16 anos de prisão. Documentos da Justiça dos EUA indicam que o grupo de Vázquez recebeu mais de 3 milhões de dólares em dez transferências bancárias.
A relação entre Bullrich e os empresários surgiu em 2023, quando ela defendeu publicamente a Lácteos Vidal durante uma greve trabalhista. À época, a empresa era denunciada por violações de direitos trabalhistas e fazia parte do “Movimento Anti-Bloqueo”, criado por empresários ligados ao ex-presidente Mauricio Macri para enfraquecer sindicatos. Bullrich afirmou em suas redes sociais que “a Argentina precisa deixar para trás os sindicalismos mafiosos”.
NO HAY PARO QUE NOS DETENGA
Sindicalistas mafiosos, gerentes de la pobreza, jueces cómplices y políticos corruptos, todos defendiendo sus privilegios, resistiendo el cambio que decidió la sociedad democráticamente y que lidera con determinación el presidente @JMilei. No hay paro…— Patricia Bullrich (@PatoBullrich) January 24, 2024
A denúncia também envolve outros aliados do governo Milei. Em janeiro, um avião apreendido com 359 quilos de cocaína ligou empresários do mesmo grupo à empresa Transporte El Nacional, controlada por Marcia Roncero, esposa de Vidal Bada Vázquez. No episódio, o piloto brasileiro Carlos Costa Diaz foi preso ao lado da boliviana Jade Isabela Callaú, conhecida como “Miss Bolívia”. Ambos são investigados por tráfico internacional.
Enquanto o caso repercute na imprensa argentina, a oposição cobra explicações do governo. Na última semana, José Luis Espert, candidato de Milei à Câmara, renunciou após ser acusado de receber 200 mil dólares do mesmo grupo. Paralelamente, um oficial da Gendarmeria subordinada ao ministério de Bullrich foi preso com cocaína e dinheiro em espécie, reforçando suspeitas de infiltração do crime organizado nas forças de segurança.