Ministro do Turismo entrega carta de demissão a Lula, mas tenta ficar no cargo

Atualizado em 26 de setembro de 2025 às 14:57
O presidente Lula e o ministro do Turismo, Celso Sabino. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), entregou nesta sexta (26) sua carta de demissão ao presidenteLula, após ultimato da direção nacional do seu partido. Mesmo assim, ele disse que pretende seguir dialogando com a legenda para tentar permanecer no cargo.

“Tive uma conversa hoje com o presidente da República, em virtude da decisão do partido ao qual eu sou filiado tomou, de deixar o governo. E vim hoje aqui cumprir o meu papel, entreguei ao presidente a minha carta e o meu pedido de saída do Ministério do Turismo, cumprindo a decisão do meu partido”, declarou.

Sabino afirmou que Lula pediu para que ele siga no posto ao menos até a próxima semana, quando o presidente irá ao Pará para inaugurar obras ligadas à COP-30, conferência do clima da ONU prevista para novembro em Belém.

“Na próxima semana, na quinta-feira, o presidente irá ao estado do Pará para inaugurar boa parte dessas obras. O presidente pediu que eu o acompanhasse nessa missão na cidade de Belém na quinta-feira. Vou como ministro [a Belém]”, prosseguiu.

Segundo o ministro, esse período servirá para tentar costurar um acordo com a direção da sigla. Ele vinha defendendo a possibilidade de se licenciar do União Brasil até a realização da COP-30 para seguir à frente da pasta. Com domicílio eleitoral no Pará, Sabino avalia que sua participação na organização do evento pode fortalecer uma candidatura ao Senado em 2026.

A pressão do partido aumentou após denúncias envolvendo o presidente do União Brasil, Antonio Rueda. A cúpula aprovou por unanimidade a saída imediata de filiados que ocupam cargos no governo federal. O dirigente nega as acusações, mas sua relação com Lula já vinha se deteriorando.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, em seu gabinete. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

O petista chegou a criticar publicamente o dirigente em reunião ministerial, em agosto, cobrando fidelidade de ministros do Centrão. Líderes do União Brasil, como Davi Alcolumbre, atuam nos bastidores para evitar uma ruptura total com o governo.

Interlocutores afirmam que tanto a direção partidária quanto o Planalto têm interesse em reduzir as tensões, já que a sigla detém espaços relevantes na máquina federal. Ainda assim, dirigentes reforçam que a decisão de desembarque foi da executiva nacional e não pode ser revista individualmente.

Sabino é o único do União Brasil diretamente indicado pela legenda na Esplanada. Mesmo em caso de saída definitiva, Lula sinalizou que apoiará sua candidatura futura. Já outros ministros ligados ao partido, como Waldez Góes e Juscelino Filho, são considerados parte da cota de Alcolumbre e não devem deixar o governo.

A situação também pressiona o ministro André Fufuca (Esportes), indicado pela federação entre União Brasil e PP. Para permanecer, ele articula com o presidente do PP, Ciro Nogueira, a possibilidade de se licenciar da sigla até o fim do ano.

O Planalto, por sua vez, já avalia redistribuir cargos para siglas aliadas, como PSD, PDT, PSB e Republicanos, com foco não apenas na governabilidade, mas também na construção de alianças regionais para 2026.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.