
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, “queimou as pontes” com o Supremo Tribunal Federal (STF) ao fazer um discurso radicalizado durante manifestação bolsonarista na Avenida Paulista, neste domingo (7), segundo ministros da Corte. Durante o evento, ele se mostrou alinhado com a narrativa da extrema-direita e acabou com a postura de moderado que vinha apresentando.
Ministros do Supremo que antes viam Freitas como um interlocutor moderado e razoável da direita agora consideram que ele não quer mais diálogo com a Corte. Um magistrado, comentando sobre a mudança de postura do governador, comparou a situação a um movimento irreversível.
“Era até compreensível que o governador fosse bater continência para Bolsonaro, mas ir até o penhasco é uma coisa. Pular junto? Ninguém esperava”, afirmou um ministro do Supremo, em condição de anonimato, à revista Veja.
A declaração, que incluiu acusações de que o STF estaria “destruindo a democracia sob o pretexto de resgatá-la”, representou uma escolha clara de caminho, afastando-se da figura política mais neutra que havia cultivado até ali, de acordo com os magistrados.

O discurso de Tarcísio contra o STF se seguiu a um episódio recente, no qual o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo de conversas entre Eduardo Bolsonaro e seu pai, Jair Bolsonaro, revelando críticas do deputado ao governador.
Nas mensagens, Eduardo disse que Tarcísio “nunca te ajudou em nada no STF” e que ele estava apenas “de braço cruzado”, observando o desgaste político do ex-presidente.
Dois caminhos se apresentaram a Tarcísio após esse episódio: o primeiro, defendido por seus aliados mais moderados, sugeria um afastamento do radicalismo bolsonarista. Nesse caminho, o governador poderia centrar seu discurso no ataque ao PT, no combate aos erros do governo Lula, sem recorrer a narrativas que incitassem golpismo ou ataques às instituições, como o STF.
O outro caminho, mais radical, envolvia abraçar a retórica bolsonarista, defendendo a anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro e, principalmente, atacando o STF e o ministro Alexandre de Moraes.