Ministros do STF mandam recado a bolsonaristas após explosões: “Não vamos discutir anistia”

Atualizado em 14 de novembro de 2024 às 6:39
Entorno do Supremo Tribunal Federal (STF) é isolado após duas explosões na Praça dos Três Poderes. Foto: reprodução

Após as explosões ocorridas nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de quarta-feira (13), ministros da corte enviaram uma mensagem direta aos líderes do Congresso: “não vamos permitir que ousem debater anistia depois disso”.

Telefonemas foram feitos para importantes líderes da Câmara, reafirmando uma postura de tolerância zero em relação ao ocorrido, conforme informações do Blog da Natuza Nery, do G1. A ação, segundo bolsonaristas, deve prejudicar a tramitação do projeto de lei que dá anistia aos condenados pelos ataques terroristas de 8 de janeiro de 2023.

Os eventos sinalizam a necessidade de muitas mudanças, principalmente na segurança da Esplanada dos Ministérios. Além da proteção contra manifestações violentas, como os ataques golpistas do 8 de janeiro, as equipes de segurança agora devem se preparar para possíveis atentados isolados.

Para autoridades e agentes de segurança, o cenário ficou mais grave, exigindo novas precauções. O homem que morreu após detonar a bomba em frente ao STF foi identificado como Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos.

Conhecido como Tiü França, ele foi candidato a vereador de Rio do Sul (SC) pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2020. O corpo do bolsonarista ficou totalmente desfigurado, com sinais claros de ferimentos causados pelos explosivos que carregava consigo.

Francisco Wanderley Luiz de roupa do Brasil fazendo coração com as mãos
O bolsonarista Francisco Wanderley Luiz, que morreu na quarta-feira (13) ao tentar explodir bombas em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: reprodução

Uma segunda explosão ocorreu nas proximidades da Câmara dos Deputados. Um veículo carregado de fogos de artifício explodiu no estacionamento entre o STF e o Anexo IV da Câmara.

As explosões ocorreram em um intervalo de 20 segundos, por volta das 19h30. A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar as ocorrências.

A Polícia Federal (PF) está conduzindo as investigações e, diante da hipótese de novos ataques contra os Três Poderes, encaminhará o inquérito ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator da investigação dos atos golpistas de janeiro.

“Enterro da anistia”

Deputados bolsonaristas comentaram em grupos de WhatsApp que as explosões podem afetar a tramitação do projeto de lei que visa conceder anistia aos golpistas envolvidos no 8 de janeiro. As mensagens, de acordo com a Folha de S.Paulo, foram enviadas em dois grupos com deputados da oposição.

Em um dos grupos, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) compartilhou uma imagem do suspeito das explosões, identificado como um ex-candidato a vereador pelo PL. “Parece que foi esse cara mesmo. Agora vão enterrar a anistia. Pqp”, escreveu Gayer.

O deputado Capitão Alden (PL-BA) respondeu ao comentário de Gayer afirmando que “lá se foi qualquer possibilidade de aprovar a anistia”. Ele continuou: “Adeus redes sociais e esperem os próximos 2 anos de perseguição ferrenha! Com certeza o inquérito das fake news será prorrogado ad eternum”.

Em outro grupo, o deputado Eli Borges (PL-TO) comentou: “se tentou ajudar atrapalhou”. Ele acrescentou que “agora o Xandão [apelido para Alexandre de Moraes] vai dizer: ‘é a prova que o 8 de janeiro era necessário’”.

No final de outubro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), retirou o projeto da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e anunciou a criação de uma comissão especial para analisar o texto. No entanto, essa comissão ainda não foi formalizada.