
Um dos segredos do negócio da velha mídia é apostar na máxima segundo a qual nasce um otário a cada minuto.
Miriam Leitão leva essa crença ao limite do absurdo, de modo a, como num filme ruim de Buñuel, ela mesma se transformar numa otária.
Miriam tem uma fórmula para explicar o atual fracasso econômico do Brasil, da Argentina e do Congo Belga: a herança maldita.
Temer, nesse sentido, pegou um barco destruído pelo “lulodilmismo”.
No caso dos nossos vizinhos, que acabam de recorrer ao FMI antes de ir para o buraco, a mesma coisa: a culpa é dos peronistas, kirchneristas e “radicais”.
Na coluna do Globo desta quarta, dia 9, ML escreve que “o ajuste gradual de Mauricio Macri na Argentina não foi suficiente para reverter a crise montada no governo anterior.”
Segue:
“Na política, o governo que tenta consertar às vezes paga o preço dos erros de quem veio antes. (…) Ele agora é atingido politicamente. Ano que vem tem eleição na Argentina, e os peronistas terão o discurso de que Macri criou a crise.”
É inacreditável.
Em outubro, quando das eleições legislativas, Miriam cravava que a Argentina podia “crescer 3% este ano [2017] e 4% no ano que vem”.
Para ela, “o ajuste promovido pelo governo já traz resultados concretos que começam a ser percebidos pela população”.
Num clima de choripán, entrevistou pelo telefone Florencia Vazquez, economista do BNP Paribas, que lhe garantiu que “a recuperação foi guiada por investimentos, mas agora está mais focada no consumo e se espalhando por outros setores”.
Etc etc etc.
Seria muito mais honesto admitir que errou. Jornalistas temos problema com isso, mas diante de uma presepada destas, seria o mínimo.
Miriam prefere apontar o dedo para o bode expiatório de sempre e tratar sua audiência como idiota. É wishful thinking puro, fé e empulhação.
Se dá certo com o Feliciano, por que não com Miriam Leitão?