Míriam Leitão antecedeu Carmen Lúcia na anti-sororidade destruidora. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 12 de agosto de 2016 às 10:05
Soldada do jornalismo de guerra dos patrões
Soldada do jornalismo de guerra dos patrões

Carmen Lúcia, escrevi outro dia, encarnou a anti-sororidade ao dizer por que prefere ser chamada de presidente e não presidenta do STF. Sororidade, termo muito em uso hoje, é a fraternidade entre as mulheres.

Carmen foi grosseira com Dilma e ignorante com a língua portuguesa, da qual disse presunçosamente ser “amante”.

Presidenta é uma acepção tão correta como presidente, como mostram dicionários e citações de grandes escritores, entre os quais Machado de Assis.

Carmen Lúcia não foi pioneira na anti-sororidade.

Em outro episódio notável, Míriam Leitão foi extremamente dura numa entrevista com Alckmin porque este ousou se referir a Dilma como presidenta.

Míriam o censurou diante das câmaras. Alckmin respondeu que costumava chamar as pessoas da maneira que elas preferem.

A mesma Míriam Leitão que recentemente se mostrou indignada com o ministério masculino de Temer foi, ali, tão machista quanto o interino e tão primitiva no português quanto Carmen Lúcia.

Era o jornalismo de guerra das grandes corporações jornalísticas. Míriam Leitão foi um dos grandes expoentes disso.

Algum dia haverá de ser estudado o papel de mulheres jornalistas na caça a Dilma. Sequer as roupas presidenciais foram poupadas. Outra jornalista da Globo, Cora Ronai, massacrou o vestido usado por Dilma na cerimônia de posse de seu segundo mandato, como se fosse um machista bêbado falando de mulheres feias numa roda de bar.

Mas o papel de precursora de Carmen Lúcia cabe, com todas as honras, a Míriam Leitão.

Como soldada e fâmula do jornalismo de guerra dos Marinhos, ela recriminou Alckmin por haver chamado Dilma como ela optara por ser dessignada, com total amparo etimológico.

Ao vencedor as batatas, escreveu Machado de Assis, uma das provas da existência de presidenta, como falei acima.

Para Míriam Leitão, as batatas.