Miriam Leitão só descobre agora o plano de Bolsonaro. Por Moisés Mendes

Atualizado em 24 de agosto de 2020 às 17:41
Miriam Leitão e Jair Bolsonaro

Publicado originalmente no blog do autor

Descoberta de Miriam Leitão, no título de coluna no Globo:
“Bolsonaro sempre teve um projeto autoritário; ataque a jornalista é mais um sinal”.

Interessante o detalhe com o alerta de “mais um sinal”. Para quem pretende saber mais da espetacular descoberta, esse é o texto:

“O presidente Jair Bolsonaro tem um projeto autoritário. Não foi um ponto fora curva a reação agressiva dele contra o repórter do GLOBO, no domingo, que o perguntou sobre os cheques de Fabrício Queiroz à sua mulher, Michelle Bolsonaro.

“Vontade de encher tua boca na porrada”, ameaçou o presidente. Atacar a imprensa é uma constante em seu governo. Bolsonaro já fez ataques sexistas a jornalistas, repetiu fake news contra profissionais da imprensa. Ele nunca teve o comportamento adequado do presidente. O servidor público tem que prestar contas, o dever é ainda maior no caso de quem ocupa a Presidência da República.

Dessa vez, a ameaça do presidente veio depois da pergunta sobre os depósitos de R$ 89 mil de Queiroz e sua mulher na conta da primeira-dama, nos últimos anos. Bolsonaro havia falado antes que os depósitos eram de R$ 40 mil. A explicação que ele tinha dado para o caso desrespeita a inteligência alheia. O presidente, a essa altura, já deveria ter feito um levantamento e prestado contas ao país sobre este caso e as inúmeras outras dúvidas sobre as finanças da família e Queiroz.

O repórter fez a pergunta certa, e a resposta mais uma vez revelou o caráter autoritário de Bolsonaro. Ao longo da carreira política, ele sempre fez a defesa do regime autoritário. Durante essa pandemia, todos viram o presidente aglomerando-se com manifestantes que queriam fechar o Congresso e o STF. As semanas recentes, em que Bolsonaro reduziu o confronto, não o tornaram uma pessoa diferente.

O ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência disse que o presidente é veemente. A palavra veemência não define o comportamento do chefe do governo. O presidente ameaçou de agressão física um jornalista que fazia seu trabalho. É mais uma agressão à liberdade de expressão, à imprensa e à democracia.

O presidente Bolsonaro não é um democrata. Ele foi eleito em um processo democrático, uma eleição legítima. Mas ele tem valores que ofendem a democracia. Isso o torna um perigo para a democracia. Como Hugo Chávez, na Venezuela, também eleito legitimamente e que depois na presidência enfraqueceu as instituições por dentro até transformar o país em uma ditadura.

Quem não perceber os sinais pode ajudar Bolsonaro a permanecer e realizar o seu projeto autoritário.