
Em meio à escalada de apoio ocidental à Ucrânia e à intensificação do conflito, a Rússia tem fortalecido suas capacidades militares e sua postura de retaliação, enviando um claro sinal de que o equilíbrio de poder na região pode estar se alterando. Recentemente, Putin demonstrou sua força militar ao lançar um míssil hipersônico, que alcança velocidades de 3 quilômetros por segundo. Essa demonstração não foi apenas um teste técnico, mas também uma ação estratégica com implicações profundas no cenário global.
O presidente russo deixou claro que considerará uma provocação direta qualquer fornecimento de armamentos avançadas à Ucrânia, como mísseis de longo alcance. Durante a XVI Cúpula do BRICS em Kazan, Putin anunciou que a produção em série do míssil Oreshnik está em curso, descrevendo-o como um sistema que “não há meios no mundo para interceptar”.
Essa nova realidade geopolítica emerge da decisão das potências ocidentais de autorizar a Ucrânia a atacar alvos profundos no território russo, uma ação vista por Moscou como uma escalada perigosa. O governo russo alertou que, ao armar a Ucrânia com equipamentos capazes de atingir a Rússia, o Ocidente está não apenas apoiando o conflito, mas também ameaçando a estabilidade da Europa.
Tito Lívio Barcellos Pereira, especialista em estudos estratégicos, enfatizou em entrevista que essa ação russa tem um “elemento estratégico” significativo, mostrando novas capacidades militares e enviando “um recado diplomático e político” de que a Rússia está pronta para expandir suas retaliações.
Com o Ocidente reafirmando seu apoio à Ucrânia, a Rússia responde aumentando seu espectro de retaliações, agora com armas que podem atingir não só a Ucrânia, mas outros países. Pereira observa que essa autorização de ataques contra a Rússia deve ser vista no contexto de uma transição política nos Estados Unidos, sugerindo que mudanças podem ocorrer com a recente eleição de Donald Trump, que prometeu negociar um cessar-fogo e possíveis concessões à Rússia.
O míssil Oreshnik foi testado com sucesso e utilizado em um ataque à cidade ucraniana de Dnepropetrovsk, demonstrando sua precisão e eficácia. O míssil, capaz de atingir múltiplos alvos simultaneamente com trajetórias variadas, foi desenvolvido em resposta às ameaças percebidas, particularmente em relação ao conflito ucraniano.
A mudança recente na doutrina de segurança nuclear da Rússia implica que qualquer ameaça à integridade territorial agora justifica uma resposta nuclear, mesmo que o ataque seja convencional. Essa medida reflete a necessidade de uma resposta aos crescentes envolvimentos da OTAN no conflito, marcando uma revisão estratégica significativa das políticas de defesa russas.
Em resumo, a Rússia não apenas está demonstrando sua capacidade militar avançada, mas também está enviando uma mensagem clara à OTAN e seus aliados de que há limites para as provocações que enfrentará.