Uma modelo de São Paulo registrou em maio deste ano um boletim de ocorrência relatando ameaças que diz ter recebido, envolvendo dois investigadores da Polícia Civil de São Paulo, Diego Del Rio e Fabio Bopp, do Grupo Especial de Reação (GER), e o empresário Pedro Campos Figueiredo.
“Quero deixar aqui registrado que temo pela minha vida e de pessoas próximas a mim. E se caso algo acontecer, de qualquer natureza, foi Pedro Campos Figueiredo, Diego Del Rio e Fabio Bopp”, declarou a modelo no boletim.
A mulher trabalhou por cerca de dois meses como assistente pessoal de Figueiredo no final de 2023. Segundo a Folha, fontes ligadas ao empresário disseram que o empresário começou a suspeitar que a modelo estaria passando informações dele para uma ex-namorada com quem estava em disputa judicial.
As ameaças alegadas pela modelo incluem uma abordagem em um posto de combustível por um homem e uma mulher que, segundo ela, transmitiram um “recado do Primeiro Comando da Capital [PCC]”. Durante essa abordagem, foi exibido um papel com fotografias da modelo em momentos com a família, e ela foi instruída a “esquecer que ‘ele existe'”, em referência ao empresário Pedro.
O envolvimento dos investigadores Del Rio e Bopp nas supostas ameaças não foi detalhado no boletim de ocorrência. Mas pessoas próximas a Figueiredo afirmam que ele utiliza policiais entre seus seguranças, e que tanto Bopp quanto Del Rio estariam entre eles.
Fabio Bopp, investigador-chefe do GER, é considerado homem de confiança do delegado-geral Artur Dian e de outros membros da cúpula da Polícia Civil. Além disso, Bopp já foi mencionado por mulheres que denunciaram Thiago Brennand, alegando que o nome e a imagem do policial eram usados como referência de proteção pelo empresário. No entanto, não há suspeitas oficiais contra Bopp no caso Brennand.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que o relato de ameaças está sendo investigado por meio de inquérito policial instaurado pela 3ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A unidade solicitou medida protetiva para a vítima, mas o pedido foi indeferido pela Justiça. A pasta afirmou ainda que a Corregedoria da instituição está avaliando o suposto envolvimento dos investigadores do GER.
A modelo já havia registrado outros dois boletins de ocorrência em maio, mas foi apenas no terceiro que citou os nomes dos policiais. A partir das ameaças, ela passou a contar com a proteção de seguranças particulares, que, segundo informações, incluem policiais militares.
Gabriela Manssur, advogada especializada nos direitos das mulheres e defensora de Figueiredo, afirmou que as acusações são infundadas e que a investigação está em andamento. “A minha defesa é a defesa do direito da mulher e não do uso abusivo da Lei Maria Penha. Quando nós vemos um caso imoralizar a nossa causa, eu analiso a situação e vejo se de fato vale a pena defender contra quem está abusando”, afirmou Manssur à Folha de S.Paulo.
“A mulher tem direito, eu sempre vou lutar por elas, mas tenho percebido o uso abusivo da Lei Maria da Penha em alguns casos, normalmente, envolvidos com tentativa de vantagens pessoais. Não concordo com isso, a Justiça tem que ser séria”, concluiu a advogada.