Monica Benício: Se Bolsonaro quer interferir na Polícia Federal, caso Marielle não pode ser federalizado

Atualizado em 23 de maio de 2020 às 16:52
Monica Benício. Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

Publicado originalmente na Rede Brasil Atual (RBA)

“Não queremos que a polícia federal atue no caso da Marielle, já que é uma instituição em que o presidente quer interferir”, diz a ativista Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco.

Mônica se refere ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para federalizar a investigação do assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Ocorrido em 14 de março de 2018, o crime completou ontem (22) 800 dias sem resposta: quem mandou matá-los.

Mas as famílias das vítimas não querem que o processo seja levado a Brasília e por isso lançou uma campanha pública contra a federalização.

A campanha, liderada pelo Instituto Marielle Franco e pela Coalizão Negra por Direitos, está colhendo assinaturas de apoio. É uma iniciativa que reúne mais de 150 entidades que defendem a luta por direitos no país. No próximo dia 27, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) vai julgar essa ação.

Em entrevista ao jornalista Rafael Garcia, na Rádio Brasil Atual, Mônica disse que essa mudança vai atrapalhar o caso. Segundo ela, a federalização não tem razões no campo jurídico para se justificar. A mudança significa deslocar a competência do Rio de janeiro, do Ministério Público e da Polícia Civil, e transferir a competência para a Polícia Federal.

“A PF passa por uma situação de crise. O ex-ministro Sergio Moro apresentou sua demissão, dizendo que o presidente queria intervir na Polícia Federal. Especificamente na polícia do Rio de janeiro”, afirma Mônica.

Confira a entrevista

“E logo depois o presidente faz um pronunciamento, assumindo que queria fazer as interferências, inclusive a respeito do caso Marielle Franco, quando ele fez a Polícia Federal ir até Mossoró interrogar o Ronnie Lessa, que é o suspeito de ser atirador e está preso (…). Ele inclusive ele teria uma cópia desse interrogatório”, destacou a ativista. “Isso deixa a gente muito preocupada. Porque não se justifica juridicamente e a gente tem razões para não acreditar que a federalização seja o melhor caminho.”