Moraes destitui advogados de Filipe Martins por má-fé processual

Atualizado em 9 de outubro de 2025 às 21:26
Filipe Martins sério, falando em microfone e gesticulando
Filipe Martins – Reprodução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira (9) a destituição dos advogados de Filipe Martins e Marcelo Câmara, acusados de integrar o chamado “núcleo 2” da tentativa de golpe de Estado de 2022. Segundo a investigação, o grupo teria atuado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder de forma ilegítima após a derrota eleitoral.

Na decisão, Moraes afirmou que os defensores deliberadamente atrasaram o andamento do processo, deixando de apresentar as alegações finais dentro do prazo legal, mesmo após intimação. O ministro classificou a conduta como “absolutamente inusitada” e apontou litigância de má-fé e manobra procrastinatória, sem qualquer justificativa plausível.

“Configura-se abuso do direito de defesa, com clara manobra procrastinatória”, escreveu o ministro.

Com a destituição, a Defensoria Pública da União foi designada para representar os réus e protocolar as alegações finais. Moraes citou precedentes do STF e do Superior Tribunal de Justiça para sustentar a medida, ressaltando que o objetivo é garantir o andamento regular do processo.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados Jeffrey Chiquini e Ricardo Scheiffer Fernandes, que defendiam Filipe Martins.

O ministro Alexandre de Moraes sério, de perfil
O ministro Alexandre de Moraes – Reprodução

Em nota, Eduardo Kuntz, integrante da defesa de Marcelo Câmara ao lado de Jorge Felipe Oliveira, Diego Godoy Gomes e Christiano Kuntz, afirmou que tomará “as providências cabíveis para permanecer nos autos”, ressaltando o compromisso com a independência profissional e as garantias constitucionais.

“As alegações finais serão apresentadas até o dia 23 de outubro, contando-se quinze dias da juntada do documento, ainda que incompleto”, disse Kuntz.

O processo envolve ainda Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF; o general Mário Fernandes; e Marília Ferreira Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça sob Anderson Torres. O grupo é acusado de coordenar ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas.

Parte dos réus também responde por envolvimento no chamado Plano Punhal Verde e Amarelo, que previa o assassinato de Moraes, do presidente Lula e do então vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

Todos os demais acusados já apresentaram suas alegações finais. O pedido de Marcelo Câmara para reabertura de prazo foi negado. Em setembro, a Procuradoria-Geral da República entregou suas alegações finais defendendo a condenação dos réus. O próximo passo será o agendamento do julgamento no Supremo.