
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dispensou o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, de depor no processo que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022. Mucio havia solicitado a dispensa alegando desconhecer os fatos sob investigação, e o pedido foi aceito por Moraes. A decisão foi tomada dentro da instrução que envolve réus militares e civis ligados ao entorno de Jair Bolsonaro.
Além disso, o STF ouviu nesta terça-feira (15) as primeiras testemunhas de defesa do núcleo difuso, composto por militares, membros da chamada Abin paralela e suspeitos de disseminar fake news contra o processo eleitoral. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, admitiu que questionou o resultado das eleições de 2022 pressionado por deputados bolsonaristas, apesar de sua vontade contrária.
Ainda no mesmo dia, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou o pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus que compõem o núcleo central da trama golpista. O julgamento desse grupo deve ocorrer já em setembro, segundo expectativa do Supremo, enquanto os demais seguem em fase de coleta de provas.

Entre os depoimentos, servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) negaram o uso do programa espião FirstMile no Centro de Inteligência Nacional, apesar de documentos da Polícia Federal indicarem o contrário durante o governo Bolsonaro. Ex-comandantes das Forças Armadas também prestaram esclarecimentos sobre os bastidores da caserna no período pré-golpe.
O militar expulso Ailton Barros é acusado de liderar ataques virtuais a oficiais contrários à tentativa de ruptura institucional. As mensagens encontradas em seu celular são parte das principais evidências da acusação. Já o Instituto Voto Legal, que produziu relatórios questionando a segurança das urnas, teve seu trabalho defendido por testemunhas como técnico e acadêmico.
A audiência foi conduzida pela juíza Luciana Sorrentino, auxiliar do gabinete de Moraes, e continua nesta quarta-feira (16). A trama golpista investigada pelo STF segue sendo um dos principais focos do tribunal, que já condenou Bolsonaro à inelegibilidade e agora avança no cerco judicial aos seus apoiadores diretos na tentativa de subverter o regime democrático.