Moraes dispensa Mucio de depor sobre a trama golpista no STF

Atualizado em 15 de julho de 2025 às 21:03
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dispensou o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, de depor no processo que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022. Mucio havia solicitado a dispensa alegando desconhecer os fatos sob investigação, e o pedido foi aceito por Moraes. A decisão foi tomada dentro da instrução que envolve réus militares e civis ligados ao entorno de Jair Bolsonaro.

Além disso, o STF ouviu nesta terça-feira (15) as primeiras testemunhas de defesa do núcleo difuso, composto por militares, membros da chamada Abin paralela e suspeitos de disseminar fake news contra o processo eleitoral. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, admitiu que questionou o resultado das eleições de 2022 pressionado por deputados bolsonaristas, apesar de sua vontade contrária.

Ainda no mesmo dia, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou o pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus que compõem o núcleo central da trama golpista. O julgamento desse grupo deve ocorrer já em setembro, segundo expectativa do Supremo, enquanto os demais seguem em fase de coleta de provas.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o ministro Alexandre de Moraes, durante cerimônia no TSE, em 2023. Foto: Alejandro Zambrana/TSE

Entre os depoimentos, servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) negaram o uso do programa espião FirstMile no Centro de Inteligência Nacional, apesar de documentos da Polícia Federal indicarem o contrário durante o governo Bolsonaro. Ex-comandantes das Forças Armadas também prestaram esclarecimentos sobre os bastidores da caserna no período pré-golpe.

O militar expulso Ailton Barros é acusado de liderar ataques virtuais a oficiais contrários à tentativa de ruptura institucional. As mensagens encontradas em seu celular são parte das principais evidências da acusação. Já o Instituto Voto Legal, que produziu relatórios questionando a segurança das urnas, teve seu trabalho defendido por testemunhas como técnico e acadêmico.

A audiência foi conduzida pela juíza Luciana Sorrentino, auxiliar do gabinete de Moraes, e continua nesta quarta-feira (16). A trama golpista investigada pelo STF segue sendo um dos principais focos do tribunal, que já condenou Bolsonaro à inelegibilidade e agora avança no cerco judicial aos seus apoiadores diretos na tentativa de subverter o regime democrático.