
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta (21) a prisão do deputado Alexandre Ramagem após a Polícia Federal levantar suspeitas de que ele deixou o Brasil de forma clandestina. Condenado no processo da trama golpista, o parlamentar está em Miami e fugiu do país sem comunicar oficialmente a Câmara dos Deputados.
A viagem internacional viola decisão do STF que proibia sua saída do país. Segundo a CNN Brasil, investigadores suspeitam que Ramagem cruzou a fronteira por um país vizinho, evitando o controle migratório antes de seguir para os Estados Unidos.
A Câmara informou que não recebeu qualquer pedido de autorização e que o deputado não integra missão oficial. Além disso, mesmo apresentando atestados médicos que justificariam seu afastamento entre setembro e dezembro, ele participou de votações durante o período.
O episódio levou o PSOL a solicitar ao STF e à PF a prisão preventiva de Ramagem e de outros condenados do núcleo principal da tentativa de golpe. Para o partido, a suspeita de fuga demonstra risco real de evasão entre figuras com acesso a recursos e influência política.
O pedido também cita nomes como Almir Garnier, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres. A legenda quer que o STF tome medidas para localizar e repatriar Ramagem caso se confirme que ele está no exterior. Isso pode envolver pedidos de extradição ou cooperação com autoridades americanas.
PRISÃO, JÁ! O PSOL pediu à PF e ao STF a PRISÃO de Alexandre Ramagem, CONDENADO pelo STF a 16 anos de CADEIA pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Ramagem foi visto em MIAMI, caminhando tranquilamente pela… pic.twitter.com/WhyeYzHeAQ
— Ivan Valente (@IvanValente) November 21, 2025
Antes de ser parlamentar, Ramagem atuou como delegado da PF em Roraima, o que reforça a suspeita de que conhecia rotas de fronteira usadas para driblar fiscalização. As investigações apontam que ele teria viajado primeiro a Boa Vista e, em seguida, seguido de carro até a fronteira, de onde embarcou rumo ao exterior.
A prisão preventiva, segundo a TV Globo, já havia sido decretada por Moraes antes mesmo do pedido do PSOL. Ramagem foi condenado a 16 anos, 1 mês e 15 dias pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Para o STF, ele usou a estrutura da Abin, quando era diretor, para monitorar adversários e auxiliar Bolsonaro nos ataques ao sistema eleitoral.
A decisão do Supremo determinou ainda que ele entregasse o passaporte e permanecesse no Brasil enquanto o processo segue na fase de recursos. O primeiro embargo já foi negado, e, com o avanço da tramitação, a execução da pena pode ocorrer a qualquer momento.
A situação se agravou com a revelação de que, dois dias antes da ordem de prisão, Ramagem pediu roaming internacional para votar remotamente o PL Antifacção. As regras da Câmara proíbem o exercício do mandato a partir do exterior, o que reforça as suspeitas da PF sobre sua saída clandestina.