
Só Bolsonaro, com pena de 27 anos e três meses, vence o general Mário Fernandes entre os 29 golpistas condenados. Fernandes, o kid preto que elaborou o plano para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, tem a segunda maior pena: pegou hoje 26 anos e seis meses de cadeia.
O general pode ser também um dos mais baixos QIs da turma. Por isso, foi tratado com certo deboche por Moraes, na sessão de julgamento do núcleo 2 do golpe. O ministro foi irônico quando disse que o plano para matá-lo seria “uma ação hollywoodiana”, com fuzis, lançador de granadas e foguetes.
Voltou a dizer que o general era o mais radical de todos os integrantes do núcleo principal do golpe e fez ironias de novo ao lembrar que o militar se referia ao plano dos assassinatos como “um pensamento digitalizado”.
Moraes amarrou a sequência de sarcasmos com uma observação que remete ao baixo nível de inteligência do militar como planejador de golpes e ao se defender como réu.
Moraes disse que Fernandes, com tantos erros cometidos nos depoimentos, “poderia ter pedido o direito ao silêncio”, porque assim se sairia melhor e não diria tantos absurdos.
Sabe-se que Fernandes era o mais convicto dos militares de que o plano daria certo e o que mais tentou convencer os outros, principalmente Bolsonaro, de que era preciso matar Lula, Alckmin e Moraes para aplicar o golpe.

Um dos maiores especialistas em questões militares, o colunista Marcelo Godoy, do Estadão, já escreveu que Fernandes espalhava entre amigos a certeza de que o projeto da anistia seria aprovado pelo Congresso e que o bolsonarismo voltaria ao poder para que ele fosse “um dos líderes do regime”.
Fernandes, já transformado em réu, continuava sendo o megalomaníaco do grupo, o que mais avançou na direção de ações violentas e irracionais que não chegou a executar. Abaixo, as penas de cada um, desde o primeiro julgamento.
São 29 condenados e dois absolvidos: o general de Exército Estevam Theófilo, que foi denunciado no núcleo 3, e Fernando de Sousa Oliveira, delegado da Polícia Federal e ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça, réu do núcleo 2.
Núcleo 1 – Data da condenação: 11/9
• Jair Bolsonaro, ex-presidente da República: 27 anos e três meses
• Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de 2022: 26 anos;
• Almir Garnier, ex-comandante da Marinha: 24 anos;
• Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal: 24 anos;
• Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI): 21 anos;
• Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa: 19 anos;
• Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin): 16 anos, um mês e 15 dias;
• Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro: 2 anos em regime aberto e garantia de liberdade pela delação premiada.
Núcleo 2 – Data da condenação: 16/12
• Mário Fernandes, general da reserva do Exército: 26 anos e seis meses de prisão;
• Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF): 24 anos e seis meses de prisão;
• Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro: 21 anos de prisão;
• Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro: 21 anos de prisão;
• Marília de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça: 8 anos e seis meses de prisão.
Núcleo 3 – Data da condenação: 18/11
• Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel: 24 anos de prisão;
• Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel: 21 anos de prisão;
• Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel: 21 anos de prisão;
• Wladimir Matos Soares, policial federal: 21 anos de prisão;
• Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel: 17 anos de prisão;
• Bernardo Romão Correa Netto, coronel: 17 anos de prisão;
• Fabrício Moreira de Bastos, coronel: 16 anos de prisão;
• Márcio Nunes de Resende Júnior, coronel: 3 anos e cinco meses de prisão;
• Ronald Ferreira de Araújo Júnior, tenente-coronel: um ano e onze meses de prisão.
Núcleo 4 – Data da condenação: 21/10
• Ângelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército: 17 anos de prisão;
• Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército: 15 anos e seis meses de prisão;
• Marcelo Araújo Bormevet, policial federal: 14 anos e seis meses de prisão;
• Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército: 14 anos de prisão;
• Ailton Gonçalves Moraes Barros, major da reserva do Exército: 13 anos de prisão;
• Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército: 13 anos e seis meses;
• Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal: 7 anos e seis meses