Moraes rejeita nova manobra de Bolsonaro e alerta: “Não admitirei tumulto processual”

Atualizado em 30 de junho de 2025 às 22:04
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Foto: Antonio Augusto/STF

Mesmo réu por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal, Jair Bolsonaro voltou a apostar na desinformação como estratégia política. No domingo (29), em um ato esvaziado na Avenida Paulista, o ex-presidente afirmou, sem qualquer prova, que os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 foram “orquestrados pela esquerda”. A declaração vai na contramão das provas que o colocaram no centro da investigação — incluindo mensagens, áudios e delações de aliados próximos.

A fala de Bolsonaro ocorreu apenas um dia antes de o ministro Alexandre de Moraes, do STF, negar mais um pedido de sua defesa, que tentava incluir no processo uma suposta conta no Instagram atribuída ao tenente-coronel Mauro Cid.

A insistência foi classificada por Moraes como tentativa de “tumulto processual”.

Em despacho direto, o ministro afirmou: “Conforme já ressaltado inúmeras vezes, não será admitido tumulto processual”.

A recusa ocorre em meio a uma série de movimentações da defesa do ex-presidente que, segundo fontes ligadas ao STF, têm como objetivo alongar o processo e criar ruído político em torno do julgamento.

Bolsonaro, que já foi declarado inelegível pelo TSE, segue tentando se posicionar como vítima de perseguição, mesmo diante de um acervo robusto de provas documentais e testemunhais que o ligam aos atos antidemocráticos.

No cenário jurídico, a tentativa de transferir a responsabilidade do 8 de janeiro para adversários políticos é vista como estratégia de desgaste institucional e autoproteção.

Já no campo político, o ex-presidente volta a mobilizar seus apoiadores com retórica inflamada e distorcida, em mais um capítulo de sua campanha de confronto com as instituições democráticas

Jose Cassio
JC é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo