
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta (15) para aceitar a denúncia contra Glaudiston da Silva Cabral, acusado de proferir reiteradas ofensas a ministros da Corte, incluindo chamá-lo de “sacrificador de crianças” e “satanista”. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o bolsonarista por associação criminosa e incitação ao crime.
Segundo a PGR, Glaudiston atuou desde 7 de julho de 2020 até 5 de maio de 2024, “por meio de mensagens eletrônicas e publicações realizadas em suas redes sociais, associou-se a centenas de outras pessoas, com o objetivo de praticar atos que se voltavam contra a legitimidade do sistema eleitoral e contra o Estado Democrático de Direito”.
O episódio de julho de 2020 envolveu um vídeo no qual o acusado acusava Moraes de praticar “rituais de magia negra com sacrifício de crianças” e fazia ameaças a outras autoridades. Em suas manifestações, chegou a declarar: “Tô de saco cheio dessa merda, desse pais de covarde, um bando de cidadão, 210 milhões de brasileiros, aceitando que 11 vagabundos digam como a gente tem que viver”.
Em outubro de 2023, Glaudiston protocolou uma petição na 1ª Vara Criminal de Dourados (MS) ofendendo Moraes e Barroso, chamando-os de “genocidas” e “pedófilos” e referindo-se a Moraes como “especialista em totalitarismo”.
O caso levou à abertura de inquérito pela Polícia Federal do Mato Grosso do Sul, onde Glaudiston reiterou as ofensas, chamando os ministros de “psicopatas e genocidas” e os agentes da PF de “milicianos”. Veja os ataques:
Por que os vídeos do Glaudiston da Silva Cabral nunca viralizaram? pic.twitter.com/IpydMAr3CH
— Allan Dos Santos (@allanconta5) March 16, 2025
A PGR ainda destacou o histórico do denunciado com “representações extravagantes” contra autoridades, incluindo pedidos de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e acusações de ritos satânicos a prefeitos. Em outros processos, Glaudiston chamou Moraes de “psicopata, genocida e humanicida”.
No plenário virtual do STF, Moraes afirmou que “não é qualquer manifestação crítica que se enquadra nas imputações”, mas que Glaudiston, de fato, “incitou a atuação das Forças Armadas contra os Poderes Constituídos, e com a mesma conduta, incitou a prática de golpe de estado”.
O ministro concluiu que a conduta do denunciado “revela-se gravíssima” e votou pelo recebimento da denúncia, tornando Glaudiston réu caso a decisão seja confirmada pela maioria da Primeira Turma.
A defesa, representada pela Defensoria Pública da União, questionou a competência do STF para o caso e apontou o “óbvio impedimento” de Moraes, além de alegar que a investigação não detalha condutas específicas que configurariam os crimes.
A defesa afirmou ainda que não há correlação entre os atos de Glaudiston e os eventos de 8 de Janeiro de 2023, pedindo a rejeição da denúncia por ausência de vínculo temporal e fático.