Moro e amigos não perdoarão os trapalhões do MP por roubarem o protagonismo da prisão de Lula. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 11 de março de 2016 às 23:20
"Boa noite, São Paulo!!"
“Boa noite, São Paulo!!”

 

Didi, Dedé e Zacarias, os promotores que pediram a prisão de Lula, não cometeram uma estupidez violenta apenas na área jurídica.

Em seu açodamento, Luiz Carlos Blat, Cássio Conserino e Fernando Henrique de Araújo também estragaram o script que vinha sendo montado pelos suspeitos de sempre. Segundo essa narrativa oficial, quem tem de mandar prender Lula é Sergio Moro.

Ele teria autoridade moral para colocar o ex-presidente em cana. Ele é a personalidade do ano. Ele é o herói da Paulista. Ele e sua equipe de intocáveis são os caras, não aquele trio de patetas.

A “revolta” de alguns com a videocassetada do Ministério Público de São Paulo deve ser entendida sob esse prisma. Como se diz no vocabulário politicamente correto, Blat, Conserino e Araújo roubaram o protagonismo do golpe.

De acordo com uma coluna na Época, Moro e integrantes da operação “estão indignados”. “Eles acham que a peça não tem fundamentação”, lê-se. A coisa “respinga no trabalho desenvolvido na Lava Jato, guiado com cautela e esmero”.

Se cautela e esmero significam mobilizar duzentos policiais para fazer uma condução coercitiva, é de se perguntar como seria se tivesse havido descuido e falta de zelo. Benza Deus.

Merval Pereira aponta que Conserino “tomou uma medida despropositada” e “os argumentos levantados têm mais cunho político que jurídico”. Parece “provocação”.

Ricardo Noblat, o homem que deu o furo da agressão de Dilma em sua camareira com golpes de cabide, entre outros grandes momentos do jornalismo, chamou a peça dos irmãos Marx de “sem fundamento, absurda e grotesca”.

“É vazia, embora apenas prenhe de adjetivos barulhentos e inócuos. É panfletária. E sequer disfarça a má vontade que seus autores devotam a Lula.”

Noblat, Merval, Moro et caterva podem se declarar transtornados, mas com que direito? Eles são pais espirituais dos promotores. Moe, Larry e Curly atiraram na fogueira a gasolina que lhes vem sendo fornecida há meses.

Os homens do MP desobedecerem o diretor da tragicomédia e, como atores bêbados, mudaram o andamento. Vai ser preciso medir a extensão da burrada. O importante é devolver a Sergio Moro o papel principal para, com fé em Deus e o apoio dos brasileiros de bem, colocar o vilão atrás das grades.