Moro e Dallagnol se tornaram figuras indignas da República. Por Moisés Mendes

Atualizado em 3 de agosto de 2019 às 8:08
Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. Foto: AFP

PUBLICADO NO BLOG DO MOISÉS MENDES

Divagações sobre o rumo de certas pessoas e certas coisas, enquanto aguardamos o próximo capítulo das mensagens escabrosas da Lava-Jato.

1. Moro perdeu o apoio da elite da direita. Está sendo sustentado pelo lastro político do que existe de pior da base de Bolsonaro. Não há um jurista de nome que se levante para apoiá-lo publicamente. Moro é refém de gente como o Major Olímpio.

2. A Polícia Federal não irá se submeter a Moro como aconteceu com o Ministério Público da Lava-Jato. Parte importante da PF não aceita ser submissa aos desatinos do ex-juiz.

3. Raquel Dodge se comporta, diante dos abusos de Deltan Dallagnol, como a chefe que finge não saber direito o que o subalterno anda fazendo. Dallagnol depreciou o MP. Raquel Dodge cala-se e reafirma a sensação de alheamento. Ficou ainda mais fraca e por isso mesmo pode ser a preferida de Bolsonaro para continuar na PGR.

4. O Supremo, cercado por Dallagnol e Moro, chegou ao limite da submissão à Lava-Jato. Reage tarde e só porque a ação de Dallagnol contra ministros (Toffoli e Mendes) se tornou pública. Mas o Supremo pode ter perdido o medo de enfrentar a Lava-Jato.

5. A imprensa não depende mais de Moro e de Dallagnol. Os dois podem ser empurrados para o penhasco, junto com Aécio, Serra, Eduardo Cunha e o jaburu. A direita não poupa seus perdedores.

6. Bolsonaro também não depende de Moro como suporte de reputação. Tudo o que Moro não tem mais é reputação. É só arranjar outro, com menos custos, e agradecer ao ex-juiz pelos serviços prestados.

7. Os arrependidos que idealizaram Moro, mesmo sabendo que era uma farsa, terão a desculpa de que não tinham conhecimento do que acontecia em Curitiba. Ele passou dos limites, é o que muitos dirão. Teremos muitos arrependidos.

8. Os juízes colegas de Moro querem se livrar de alguém que se tornou um incômodo institucional, mesmo que o chefe de Dallagnol não seja mais juiz. Moro tem que ser ex-juiz, ex-ministro da Justiça, ex-futuro ministro do Supremo e ex-tudo. Que sobreviva como advogado de bacanas.

9. Os procuradores colegas de Dallagnol estão ainda mais constrangidos do que os juízes. O procurador subalterno de Moro desqualificou o MP e já pode começar a escolher o que vai fazer daqui pra frente, sabendo que dificilmente dará palestras (ou alguém acreditará nas palestras de Dallagnol?).

10. Celso de Mello dará o empurrão final que jogará Moro e Dallagnol numa das valas onde estão muitas das figuras indignas da República.