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Moro saiu minúsculo da CCJ da Câmara. Por Mauro Donato

Sérgio Moro (Pedro França/Agência Senado)

Foram quase oito horas nas quais o ministro da Justiça, Sergio Moro, repetiu inúmeras vezes “suposto”, “hacker”, “não lembro”, “sensacionalismo”, “isso é normal”, “trabalhei duro”, além de incontáveis “quéin”.

Moro passou horas sentado lá para nada responder, nada acrescentar ao que tinha dito no Senado, sem rebater nada de modo convincente.

A cada bloco de participações dos inscritos ele primeiramente agradecia aos bajuladores de plantão e depois, com o tempo que restava, repetia os mesmos argumentos do bloco anterior que, de tão fracos, nem podem ser considerados argumentos.

Colocava os óculos, retirava os óculos, desafinava sua já desafinada voz e tergiversava por longos minutos. Afirmar que foi evasivo chega a ser elogio.

Sergio Moro estava nas cordas e não conseguia reagir.

Comportou-se com muito tato com o que falava, pois sabe que pode vir mais chumbo grosso nos próximos dias.

“Tem diálogo de áudio?”

Ele não respondia.

“O senhor nega então que alguma daquelas mensagens seja sua?”

Ele não negava.

Não respondeu, não negou, não confirmou, nada, zero.

Tirou proveito dos bajuladores do naipe de Delegado Waldir, eternamente turbinado, que a todo momento causava tumulto tanto nas perguntas da oposição quanto nas respostas.

Ou alguém da categoria de um certo Boca Aberta (!!) que levou a audiência a um patamar de briga em boteco sujo e ainda entregou um troféu da Champions League ao ministro “herói”.

A ala defensora de Moro é uma gente que se comporta como crianças no jardim da infância. Marmanjos que se sentavam no lugar de algum deputado que tinha ido ao banheiro para causar alvoroço no retorno daquele.

Gente que não fez nenhuma pergunta e que demonstrava total desconhecimento de leis e do que significa decoro parlamentar.

Esse é o nível dos aliados de Moro e Bolsonaro. Cenas teatrais, vocabulário chulo, falas sem pé nem cabeça.

Mais de uma vez evocaram questão de ordem alegando que as perguntas estariam fugindo do escopo da audiência, porém eles mesmos em nenhum momento se mantiveram na pauta. Aliás não faziam pergunta alguma, apenas elogiavam.

Essa postura, mais do que fortalecer, evidenciaram que Moro está extremamente frágil e necessitado de um circo diversionista daqueles.

A cada dia que passa o ministro da Justiça está mais nu. Saiu minúsculo da CCJ.

Mauro Donato

Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.

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Mauro Donato

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