Moro sugere apoio a anistia a Bolsonaro em 2026: “Assunto surge porque governo Lula vai mal”

Atualizado em 16 de junho de 2024 às 9:41
Moro e Bolsonaro quando eram parentes

O senador Sergio Moro (União-PR), investigado no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por gestão caótica de recursos no comando da 13ª Vara Federal de Curitiba e réu no STF por suposta calúnia ao ministro Gilmar Mendes, deu entrevista à coluna de Mônica Bergamo na Folha.

Entre outras coisas, ele falou sobre uma possível anistia a Bolsonaro para disputar as eleições presidenciais de 2026:

Hoje quem está na berlinda é Jair Bolsonaro. Como vê as investigações contra o ex-presidente? E como vê a possibilidade de anistia, tanto a ele quanto aos condenados pelo 8/1?

Eu não sou juiz desses processos para fazer uma avaliação profunda.

Eu estive na CPMI [Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigou os atos] do 8/1. E o que apareceu, ou não apareceu, foi algum vínculo específico de que aquilo foi orquestração ou ato planejado.

É claro que a gente repudia depredação. Mas ficou faltando um elemento probatório robusto. Há investigações no Supremo e na PGR [Procuradoria-Geral da República, sobre o 8/1]. Não conheço o conteúdo. Vamos aguardar que sejam finalizadas para analisar se mais coisas vêm à luz.

Parece que tem algum embrião de discussão na Câmara dos Deputados, mas no Senado não chegou nada ainda. 

Vendo à distância, as sanções que foram aplicadas a algumas pessoas me pareceram severas demais para os atos que foram cometidos. É algo que poderia ser discutido no Judiciário, numa eventual revisão criminal. Ou eventualmente no Congresso.

Anistiar Bolsonaro será obviamente uma decisão política. Como o senhor se posiciona?

Primeiro a gente tem que analisar. Anistia a quê, né? Ele vai ser acusado de alguma coisa? Ao que me consta, ele não foi acusado [formalmente] ainda. A PGR vai formular [denúncia]?

Temos que esperar as coisas amadurecerem. Essa discussão é um pouco prematura porque a eleição presidencial será em 2026. Agora, é fato que o assunto surge porque o governo Lula vai mal.

Não existe projeto de segurança pública, há um desmantelamento da prevenção e do combate à corrupção. Temos um déficit fiscal crescente que vai impactar as nossas possibilidades de crescimento. Os juros não caem por causa da falta de controle fiscal.

Sou oposição, mas até gostaria que o governo fosse melhor, para o bem do país.

Então, por mais que eu tenha divergências em relação ao governo Bolsonaro, o meu foco hoje é ser oposição ao governo Lula.

Mas temos que discutir o presente, e não as pautas do passado.