Morte de auxiliar direto de Bolsonaro leva pânico ao Palácio; “casos crescem exponencialmente”, diz servidor ao DCM

Atualizado em 19 de março de 2021 às 7:43
Silvio Kammers, ajudante de ordens de Bolsonaro morto com covid-19

POR VANESSA CAMPOS

“Ele era meu pai”. Essas foram as únicas palavras de um dos quatro filhos de Silvio Kammers, que morreu agora no início do mês de Covid-19 e exercia a função de ajudante de ordem do presidente da República, Jair Bolsonaro.

O servidor do Palácio do Planalto, no cargo de supervisor de ordens do gabinete pessoal de Bolsonaro, e 2º sargento do Exército, teve sua morte silenciada, censurada. Não houve sequer uma nota de pesar.

Apenas uma publicação no Diário Oficial da União, em 9 de março, que declarou vago o seu cargo, a contar de 4 de março de 2021, e nada mais. Nada mais.

A morte do trabalhador natural de Imbuia (SC), de uma família de agricultores, em nada abalou a rotina de um presidente que pratica o descaso em relação a uma pandemia mundial, que tirou a vida de quase 288 mil brasileiros.

Silvio havia perdido o pai em um acidente de trânsito. Há um ano, um dos seus dois irmãos também perdeu a vida em outro acidente de carro.

A dor de sua mãe, dona Terezinha Kammers, foi lacrada com o sigilo do Palácio do Planalto. O catarinense chegou a ficar internado, foi intubado e não resistiu ao coronavírus.

No Palácio, um servidor conta: “Se eu conhecesse o Silvio, falaria tudo. Mas o que posso dizer é que os casos de contaminação por Covid estão crescendo exponencialmente lá dentro. Só na minha área foram uns três nessas duas semanas passadas. O problema é que o povo ligado ao presidente é sempre morto de medo de tudo, porque se cortar o dedo e o sangue for vermelho, é decepado do cargo”.

Uma prima de segundo grau de Silvio compartilha que a família trabalha na roça, na lavoura em Nova Alemanha e Imbuia, distritos rurais do Oeste do Estado catarinense.

“Fico triste demais por todos da família. Com certeza, seus filhos vão sofrer a perda, assim como a mãe e o irmão dele que ainda está vivo”, lamenta.

O cenário na Presidência da República é desolador. Conforme relato de um servidor, muitos se contaminaram e agora os estagiários também estão contraindo a doença.

A presença física continua sendo obrigatória no trabalho. A primeira morte, no caso de Silvio, foi tratada como se não tivesse acontecido.

A “gripezinha” permanece excluindo a convivência de familiares, que diariamente enterram seus entes queridos.

Defensor de um tratamento precoce para a Covid-19, com remédios sem comprovação científica, Bolsonaro reforça um comportamento desumano. O uso da ivermectina, da hidroxicloroquina, da Anita, da Azitromicina e da vitamina D não salvou vidas.

A dura realidade, neste momento no Brasil, é de que não há vagas em UTIs, não há tratamento eficaz além da imunização em massa por meio de vacinas e do isolamento social.