
Um estudo liderado pelo economista Michael Spagat, da Universidade de Londres, estimou que mais de 80 mil palestinos foram mortos na guerra entre Israel e Hamas até janeiro de 2025. Isso representa 65% a mais do que os 45.650 nomes registrados nas listas oficiais do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. A pesquisa foi conduzida em parceria com o Centro Palestino para Políticas e Pesquisas de Opinião (PCPSR) e incluiu entrevistas com 2 mil famílias palestinas.
Segundo Spagat, os dados coletados mostram que o Ministério da Saúde fornece um retrato próximo da realidade, apesar de críticas israelenses à sua credibilidade. “Eles listam os nomes com número de identificação, idade e sexo, e isso é verificável”, disse. A comparação com obituários publicados em redes sociais também apontou omissões nas listas oficiais, indicando subnotificação de vítimas fatais.
Além das mortes diretas causadas por ataques, o estudo estima 8.540 mortes indiretas por desnutrição e doenças provocadas pela guerra.

Apesar de inferior a estimativas anteriores, o número é considerado alto e pode crescer. “Mesmo com um cessar-fogo, as mortes por causas secundárias tendem a aumentar”, alerta Spagat. O estudo foi realizado antes do bloqueio total de 11 semanas às ajudas humanitárias.
A pesquisa apontou ainda que mais de 30% das mortes diretas foram de crianças e adolescentes com menos de 18 anos. Outros 22% eram mulheres e 4% idosos com mais de 65 anos. A maioria das vítimas fatais são homens entre 15 e 49 anos. Apesar disso, o estudo não distingue civis de combatentes, por questões de segurança dos pesquisadores em campo.
Os autores destacam que 4% da população de Gaza teria morrido desde o início da guerra, um número inédito entre os conflitos do século 21.
A equipe, no entanto, alerta que os dados ainda são preliminares e precisam passar por revisão por pares.