Motta ameaça bolsonaristas com suspensão de 6 meses por motim na Câmara

Atualizado em 6 de agosto de 2025 às 21:02
Deputados bolsonaristas com esparadrapo em protesto no Congresso. Foto: reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), ameaçou suspender por seis meses os parlamentares bolsonaristas que continuarem ocupando a mesa diretora do plenário da Casa, conforme informações da Folha de S.Paulo. A medida é uma resposta ao motim iniciado na terça-feira (6), em protesto contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL). A punição recebeu apoio da maioria dos líderes partidários.

A decisão foi discutida em reunião realizada na residência oficial da presidência da Câmara, com a presença de representantes de ao menos 17 partidos, entre eles PL, PT, PSD, Republicanos, PP, União Brasil, Solidariedade, PSDB, PSOL, Avante, Podemos, PSB, Rede, MDB, PCdoB e PDT.

Embora o bolsonarista Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL, não tenha participado, o partido esteve representado pelo primeiro vice-presidente da Casa, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ).

Segundo o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), houve entendimento entre os partidos para restabelecer o comando da Câmara. “Houve consenso para retomar o espaço da cadeira do presidente da Câmara. [Hugo Motta] deixou claro que quem impedir que ele assuma a presidência da Câmara vai ser suspenso e pode ter o nome enviado para o Conselho de Ética para um processo de cassação”, afirmou.

O deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, confirmou a posição dos líderes: “Quem se mantiver sentado na mesa diretora e tentar impedir a realização da sessão será punido com suspensão de seis meses, inclusive com paralisação das atividades dos gabinetes e dos assessores. Houve apoio de todos os partidos para a retomada do plenário.”

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB)

Motta também acertou com os líderes a realização de uma sessão extraordinária ainda na noite desta quarta-feira (6), a partir das 20h30.

O PP anunciou que se juntará ao PL e ao Novo em uma obstrução pela votação de um projeto de anistia a Bolsonaro e aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, mas indicou que o movimento pode durar apenas até o fim do dia.

Mais cedo, Motta tentou negociar com a oposição. Ele se reuniu com o deputado Sanderson (PL-RS) e com Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) para buscar uma solução pacífica, mas os bolsonaristas se recusaram a encerrar o protesto.

Eles permanecem acampados na mesa do plenário, revezando-se inclusive durante a madrugada, e exigem a anistia, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e o fim do foro privilegiado.