Motta e Alcolumbre entram na mira de Trump e podem ser sancionados pelos EUA

Atualizado em 23 de julho de 2025 às 15:18
Hugo Motta, presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre, do Senado. Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

O governo de Donald Trump está discutindo a possibilidade de impor sanções aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), segundo Ricardo Cappelli, do Metrópoles, de acordo com fontes próximas à Casa Branca. A medida seria uma resposta ao posicionamento dos dois parlamentares, que têm se mostrado alinhados ao governo Lula (PT) em temas sensíveis para a administração Trump.

Esta é a primeira vez que os Estados Unidos avaliam medidas contra chefes do Legislativo brasileiro, seguindo a mesma lógica já aplicada a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes, que teve o visto cancelado pelo governo estadunidense.

No caso de Hugo Motta, a insatisfação dos EUA decorre de sua decisão de travar a votação de um projeto de lei que previa anistia a réus e condenados por suposta tentativa de golpe de Estado, medida que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Motta também frustrou a oposição ao vetar o funcionamento de comissões da Câmara durante o recesso parlamentar, impedindo a aceleração de projetos de reação às medidas cautelares impostas ao ex-presidente.

Já Davi Alcolumbre é criticado por se recusar a pautar pedidos de impeachment contra ministros do STF, como Alexandre de Moraes. Nesta terça-feira (22), mais um pedido de afastamento do magistrado foi protocolado no Senado, mas Alcolumbre já deixou claro a interlocutores que não pretende levá-lo a votação.

Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

Congresso se une contra tarifas e escanteia Bolsonaro

Na última semana, os dois presidentes do Legislativo se posicionaram publicamente contra as tarifas de 50% impostas por Trump a produtos brasileiros, em uma demonstração de união com o governo Lula.

Em vídeo divulgado à imprensa após reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Alcolumbre classificou as medidas americanas como uma “agressão” e afirmou que o Congresso está pronto para apoiar o Executivo na resposta.

“O Parlamento brasileiro está unido em torno da defesa dos interesses nacionais. Temos a compreensão, Câmara e Senado, que vamos defender a soberania nacional, os empregos dos brasileiros, os empresários brasileiros”, disse Alcolumbre. O presidente do Senado ainda elogiou Lula por designar Alckmin para coordenar a reação, destacando a necessidade de “firmeza” e “serenidade” no enfrentamento à medida americana.